Israel

A GUERRA DO LÍBANO (1982-1985)


O Estado de Israel sempre tentou ter uma fronteira norte pacífica, mas a posição do Líbano como refúgio de terroristas tornava isto impossível. Em março de 1978, terroristas da OLP (Organização para Libertação da Palestina) invadiram Israel, mataram um turista americano e logo depois seqüestraram um ônibus civil. Quando o exército de Israel interceptou o ônibus, os terroristas abriram fogo. No total, morreram 34 reféns.

Em resposta a este ataque terrorista o exército israelense invadiu o Líbano e atacou bases terroristas no sul do país, empurrando-as para longe da fronteira. Depois de dois meses as tropas israelenses se retiraram, dando lugar às forças de paz da ONU, que se mostraram incapazes de conter o terrorismo.

A violência aumentava devido a ataques terroristas da OLP e represálias israelenses, chegando a um ponto em que uma intervenção externa foi necessária e os Estados Unidos mediaram um cessar-fogo entre a OLP e Israel. Cessar-fogo que foi desrespeitado inúmeras vezes pelos terroristas da OLP durante 11 meses. Neste meio tempo, 29 israelenses morreram e mais de 300 ficaram feridos, em 270 ataques terroristas.

Enquanto isso uma força do OLP contendo de quinze mil a dezoito mil homens estava acampada no Líbano, dos quais de cinco a seis mil eram mercenários estrangeiros vindos da Líbia, Síria, Sri Lanka, Chade e Moçambique. O Arsenal da OLP, suficiente para equipar cinco brigadas, era composto de, além de muitas armas leves e uma quantidade menor de armas médias e pesadas, morteiros, foguetes, centenas de tanques, uma extensa rede antiaérea e mísseis terra-ar (providos pela Síria).

Ataques do exército de Israel não conseguiram conter o crescimento do exército da OLP até que a situação na Galiléia (região norte de Israel, próxima ao Golan) tornou-se intolerável: milhares de pessoas foram forçadas a fugir de seus lares ou passar muito tempo em abrigos anti-bomba devido aos ataques terroristas.

A gota d’água foi a tentativa de assassinato do embaixador de Israel na Grã Bretanha, Shlomo Argov, levada a cabo por um grupo de terroristas palestinos. Em represália, as Forças de Defesa de Israel invadiram o Líbano em 4 de junho de 1982. Em resposta, a OLP reagiu com artilharia massiva e ataques com morteiros direcionados à população israelense na Galiléia.

Em 6 de junho Israel lançou a operação “Paz para a Galiléia”, cujo sucesso inicial levou os oficiais israelenses a, ao invés de expulsar a OLP da região, tentaram induzir os líderes do Líbano a assinar um tratado de paz. Em 1983, Amin Gemayel assinou um tratado de paz com Israel.

Um ano depois, no entanto, a Síria forçou Gemayel a abandonar o acordo de paz. A guerra terminou logo após, quando o exército israelense invadiu Beirute, capital libanesa, e cercou Yasser Arafat e sua guerrilha.

A Tirania da OLP no Líbano

Para os residentes árabes no sul do Líbano, controlado pela OLP, a vida era terrível. Depois de ser expulsa da Jordânia pelo rei Hussein em 1970, muitos militantes foram para o Líbano onde cometerem atrocidades com a população e usurparam a autoridade do governo libanês.

Em 14 de outubro de 1976, um embaixador libanês, Edward Ghorra, falou à ONU que a OLP estava arruinando seu país. Em suas palavras “elementos palestinos pertencentes a várias organizações seqüestravam libaneses e estrangeiros, aprisionado, interrogando e as vezes matando-os.”

Dois colunistas do Washington Post, reconhecidamente não favoráveis com Israel declararam que a OLP estava infestada de bandidos e aventureiros. Um correspondente do New York Times visitou a cidade de Damour e escreveu que a OLP havia transformado a aldeia cristã em uma base militar. Quando a aldeia foi libertada pelo exército israelense, os habitantes disseram ao correspondente que sentiam-se muito felizes por terem sido libertados.

A Retirada Relutante da OLP

            Quando Israel capturou Beirute havia de seis a nove mil terroristas na cidade e para prevenir mortes de civis, Israel acordou um cessar-fogo para permitir que um diplomata americano negociasse uma retirada pacífica da OLP do Líbano. Como gesto de flexibilidade, Israel permitiu que os membros da OLP se retirassem com suas armas pessoais.

            A OLP adotou uma estratégia de violações controladas do cessar fogo com dois objetivos: causar danos ao exército israelense e fazer com que o mesmo retaliasse e acidentalmente infligisse danos à população civil libanesa. Esta tática tinha por objetivo extrair uma vitória política, fazendo que Israel fosse condenado internacionalmente, já que a vitória militar não foi possível.

            Esta estratégia deu certo pois a mídia passou a relatar ataques israelenses a áreas em que aparentemente não havia atividade militar, mas a inteligência israelense dizia existirem terroristas escondidos. Em uma noite uma rede de televisão americana reportou que Israel atacara sete embaixadas absolutamente pacíficas. Fotos divulgadas pela inteligência israelense mostravam que as embaixadas estavam infestadas de tanques, morteiros, metralhadoras pesadas e posições antiaéreas. Mais tarde, o exército do Líbano descobriu uma extensa rede subterrânea de apoio aos terroristas.

            Pela primeira vez na história de Israel, não houve consenso em relação à guerra, alguns a consideravam certa e outros não, fato que gerou imensos debates em Israel. Menachem Begin demitiu-se devido ao clamor pelo fim dos combates e o governo de coalizão formado em 1984 decidiu retirar Israel da guerra, deixando para trás uma força simbólica de mil homens na fronteira entre o Líbano e Israel para auxiliar o exército libanês a conter o terrorismo.

            Apesar da operação militar ter conseguido expulsar a OLP da fronteira, ela não encerrou o problema do terrorismo proveniente do Líbano. Além disso, nos combates, 1216 soldados israelenses morreram entre 5 de junho de 1982 e 31 de maio de 1985.

A violência continua

            A violência, no entanto, continua. O grupo terrorista mais ativo é o Hezbolla, que é totalmente apoiado pela Síria. Existem outros como a Frente Popular para a Liberação da Palestina (FPLP), cuja ameaça ainda não foi extinta, entre outros. Em 1995, o exército de Israel, montou uma operação para conter bombardeios do Hezbolla na fronteira norte de Israel. A artilharia israelense errou o alvo e acertou uma base das Nações Unidas, matando em torno de 100 civis que lá trabalhavam. Após este incidente, um mecanismo de prevenção do uso de civis em operações terroristas foi criado, com representantes dos EUA, França, Síria e Líbano.

            Em 24 de março de 2000 a força israelense presente no sul do Líbano, retirou-se após 22 anos de ocupação militar. Todos os postos avançados foram evacuados de acordo com a resolução 425 do Conselho de Segurança das Nações Unidas (1978).

            A Falange Cristã libanesa foi responsável pelos massacres ocorridos nos campos de refugiados árabes de Sabra e Shatila, em 16 e 17 de setembro de 1982. As tropas israelenses permitiram que a milícia cristã entrasse nos campos para expulsar células terroristas que acreditava-se estarem lá. Estimava-se que haveria em torno de 200 homens armados nos bunkers da OLP construídos durante a ocupação.

            Quando soldados israelenses ordenaram que a Falange Cristã deixasse os campos, eles encontraram muitos mortos de diversas nacionalidades árabes, incluindo crianças e mulheres (460 de acordo com a polícia libanesa e 700-800 de acordo com o exército israelense).

            A matança foi realizada para vingar o assassinato do presidente libanês Bashir Gemayel e 25 seguidores seus, mortos num ataque a bomba, na mesma semana. Israel declarou-se indiretamente responsável pelas mortes por não ter previsto a possibilidade de violência por parte da Falange. O general Raful Eitan, Chefe de Staff do exército foi demitido e o ministro da defesa Ariel Sharon (futuro primeiro-ministro) demitiu-se.

            Ironicamente, enquanto 300.000 israelenses protestaram contra o massacre, o mundo árabe calou-se. Fora do Oriente Médio, Israel foi culpada pelo massacre. A Falange, que cometeu os crimes, foi salva da maior parte das críticas. 

            Não houve pronunciamentos quando, em Maio de 1985, integrantes de milícias muçulmanas atacaram os campos de refugiados palestinos de Shatila e Burj-el Barajneh. De acordo com a ONU, 635 morreram e 2500 ficaram feridos. Durante uma guerra de dois anos entre a milícia Xiita apoiada pela Síria, Amal, e a OLP, 2.000 pessoas morreram, dentre as quais muitos civis. Não houve críticas direcionadas a OLP ou aos sírios. Igualmente não houve reação do meio internacional quando forças Sírias atacaram áreas do Líbano sob controle cristão, em outubro de 1990, matando, na maior batalha da guerra civil libanesa, que durou 8 horas, 700 cristãos.

A Retirada Israelense

            Israel retirou suas tropas do Sul do Líbano em 24 de maio de 2000, depois de uma ocupação militar de 22 anos. Todos os postos do exército de Israel foram evacuados. A retirada foi feita cumprindo uma definição da ONU.

            Hoje em dia os libaneses brigam pela retirada do exército sírio de seu território em grandes manifestações populares, buscando a independência e a democracia. Isso mostra que há meios pacíficos mais legítimos do que a guerra, além de trazer a esperança de que o pensamento democrático esta chegando no oriente médio.

Para saber mais: http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/History/Lebanon_War.html