Israel

GUERRA EM GAZA (2008-2009)


A Hitnatkut (retirada de tropas israelenses e assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e de partes da Samária), realizada por Ariel Sharon, em setembro de 2005, após 38 anos de ocupação, promovia uma trégua de mísseis contra Israel durante a Intifada de Al-Aqsa (2ª Intifada). Infelizmente, em janeiro de 2006, o cessar-fogo é rompido e mísseis voltam a atingir Israel. Desde então, o Hamas, movimento terrorista islâmico ortodoxo, foi eleito como o governo de Gaza e continua a atingir o país com seus mísseis.

    Em junho de 2008, ainda na mesma situação, com mísseis diários atingindo as cidades mais próximas da região de Gaza, como as de Sderot, Ashkelon, Kfar Aza e Sufah, Israel decide fazer um acordo de cessar-fogo no dia 19 do mesmo mês, que, novamente é quebrado pelo Hamas exatamente seis meses depois, no dia 19 de dezembro. O acordo já vinha sendo erodido desde, principalmente, o dia 4 de novembro quando Israel atacou um túnel do Hamas. Israel alegava que o túnel seria usado para capturar soldados israelenses, enquanto o Hamas disse que ele servia a propósitos defensivos. Foguetes voltaram a cair em grandes números em Israel. Não se conseguiu reatar o acordo de trégua e no dia 27 de dezembro do mesmo ano, o Exército de Defesa de Israel lançou mísseis em Gaza buscando destruir os túneis por onde se transportavam os mísseis contrabandeados desde o Irã até a faixa de Gaza para o Hamas. A operação (toda esta guerra) foi batizada de Chumbo Fundido (Oferet Ietzukah, em hebraico).

    A preparação para a Guerra, através da coleta de informação já havia começado seis meses antes, logo depois de firmar-se o acordo de cessar-fogo. Doadores internacionais prometeram 4,5 bilhões de dólares para a reconstrução de Gaza.

    Até mesmo o partido de extrema esquerda de Israel, Meretz e o escritor pacifista Amós Oz eram favoráveis ao uso da força para proteger a população do sul do país: “O que começou em Gaza no sábado de manhã é aparentemente uma ação limitada, visando obter um cessar-fogo a longo prazo entre o Hamas e Israel, em termos favoráveis a Israel. Estes termos incluiriam o fim dos ataques com morteiros e mísseis; o fim dos ataques terroristas através da fronteira de Gaza; negociações sérias para a libertação de Gilad Shalit; e a suspensão do reforço militar do Hamas. O meio para garantir os objetivos mencionados é, literalmente, um “tratamento de choque”, escreveu Amós Oz.

    O Hamas pede ajuda humanitária à ONU e aos países vizinhos. Israel, entretanto, deixa a ajuda passar somente por terra. A ministra israelense das Relações Exteriores afirma de que não havia crise humanitária em Gaza: "Nessa operação, Israel diferencia a guerra contra o terrorismo, contra os membros do Hamas, da população civil. Ao agir dessa forma, mantemos a situação humanitária na Faixa de Gaza absolutamente como ela tem de ser". Os ataques duraram 10 dias, matando tanto civis quanto terroristas e suas famílias.

    Durante os ataques houve um mal-entendido entre a ONU e Israel. A ONU afirmava que Israel tinha como alvo e havia atingido uma escola sua em Jabaliya, na Faixa de Gaza, matando cerca de 40 pessoas. Após uma semana de explicações de Israel, a ONU reconhece que, na verdade, duas bombas atingiram a rua da escola, mas que o alvo em si não era ela, além de que a escola servia como abrigo de armas e mísseis do Hamas. O coordenador de ajuda humanitária da ONU, Maxwell Gaylord manifesta para o mundo o erro da ONU: “Gostaria de esclarecer que o bombardeio e as mortes se deram fora da escola e não dentro da escola”

    Oficiais israelenses pressionavam o governo para que houvesse a autorização para uma invasão por terra, mas, o ministro da Defesa, Ehud Barak afirmava que os ataques aéreos continuariam até que o Hamas cessasse o lançamento de mísseis e que, o maior temor era que as tropas israelenses ficassem encurraladas pelos militantes palestinos, mas que se Israel tivesse que invadir, invadiria “sem medo” algum. Já o principal líder do Hamas provocava: "Um sombrio destino pode estar esperando pelos soldados de Israel caso tomem a decisão de entrar em Gaza".

    Foi então que as tropas israelenses começaram sua invasão por terra na Faixa de Gaza, para tornar os alvos mais claros e fáceis de acertar. Após uma semana de invasão, os soldados começaram a fazer uma trégua de 3 horas por dia para a ajuda humanitária chegar às cidades. Porém, ao mesmo tempo, caíam, no mínimo, quatro mísseis palestinos por dia no território israelense ferindo 182 civis e matando três. Cinco soldados morreram em combate contra o Hamas, quatro por causa de fogo amigo e um quando um foguete atingiu sua base dentro de Israel, totalizando treze israelenses mortos.

    Outro ponto polêmico foi questionado então pela HRW (Human Rights Watch), que havia afirmado de que Israel usara fósforo branco (uma substancia ilegal, letal e incendiária que não se apaga com extintores convencionais, somente com areia, queima tanto externamente como internamente uma pessoa, mas que também pode, pela lei internacional, ser usada para iluminação e cortina de fumaça) em seus bombardeios em Gaza. Israel negou a acusação de usar o composto para fins bélicos. Porém foram mandados investigadores e, segundo o jornal israelense “Maariv”, Israel confirmou ter usado 20 projéteis de fósforo branco.

    Ao mesmo tempo, tanto do lado israelense quanto do palestino, seus principais líderes defendiam a paz e condenavam a guerra, apesar de que mostravam certa hipocrisia. Um porta voz do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse que ele condenava os bombardeios e que as ações militares israelenses tinham como único objetivo “destruir o processo de paz”. Ehud Olmert alegava que Israel se aproximava de seus objetivos e que ainda era necessária paciência e esforço para concretizar esses objetivos de um modo que a segurança no sul do país mudasse.

    Na cidade de Ramalla, na Cisjordânia (sede da ANP), o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon se reúne com Abbas e Salam Fayyad (primeiro ministro da ANP) que apresentou um novo plano de governo, excluindo a guerra contra Israel. O projeto pretende estabelecer um Estado palestino delimitado pelas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis dias (1967), tendo Jerusalém Oriental como capital. Após a reunião, Ban afirma que se “está muito perto” de um cessar-fogo. Na mesma semana, pela terceira semana consecutiva, jovens palestinos se manifestavam em diferentes cidades cisjordanianas e em Jerusalém Oriental (parte árabe) em protesto contra a ofensiva israelense.

    No dia 18 de janeiro de 2009, com uma pressão extrema tanto da ONU quanto de outros países sobre Israel, as tropas israelenses começam a ser retiradas e o primeiro ministro Olmert anuncia o cessar-fogo unilateral pelo motivo de que seus objetivos já haviam sido alcançados. O cessar-fogo durou apenas quatro dias. Após esse período, o Hamas continuou atacando Israel com seus mísseis desde então, afirmando que Israel teria matado 1324 palestinos durante a guerra, a maioria dos quais civis. Há muita controvérsia sobre os verdadeiros números, pois a entrada de jornalistas em Gaza foi severamente restrita. O ministério da Defesa de Israel afirma que identificou 1200 mortes do lado palestino, 300 das quais de não-combatentes.