Israel

GUERRA DE ATRITO (1967-1970)


A Guerra de Atrito foi uma guerra limitada e menos conhecida que ocorreu entre Israel e o Egito, com ajuda direta e indireta da União Soviética, e a OLP.

    Esta guerra foi uma conseqüência direta da Guerra dos Seis dias e guarda uma relação muito importante com a guerra seguinte, a de Yom Kippur.

    No dia 10 de junho, enquanto os exércitos israelenses marchavam em direção a Amman, Damasco e Cairo, um cessar-fogo foi acordado. No entanto, ele foi violado logo após, no dia 1º de julho, quando o Egito começou a bombardear algumas posições israelenses ao longo do Canal de Suez. Em 21 de Outubro do mesmo ano, o destróier Eilat, o navio mais importante da marinha israelense, foi afundado.

    Isto foi o início da guerra, coordenada pelo Egito de Gamal Abdel Nasser, que elaborara uma estratégia baseada no fato de Israel ter muitos menos habitantes que o Egito. Ele pensou que se pudesse arrastar Israel para uma guerra longa, dura e com muitas baixas, Israel não poderia sobreviver, pois sua população abandonaria a vida econômica para integrar o esforço de guerra. Nasser não se importava em perder muitos de seus soldados e calculou seus ataques de modo a não levar Israel a entrar em uma guerra total.

    Por sua vez, Israel planejou suas defesas estabelecendo uma linha de fortificações fixas ao longo do Canal de Suez, que seriam novamente usadas na Guerra de Yom Kippur, mas sem sucesso. Isso fez a Tzahal abandonar a estratégia de mobilidade flexível, que foi defendida, na época, pelos generais Sharon e Tal. A tática defendida pelo Ramatkal Bar-Lev e pelo general Gavish levou à criação da já mencionada linha de fortificações, que acabou conhecida como linha Bar-Lev. A maioria dos soldados da Tzavá não estava acostumada a usar minas, sacos de areia ou arame farpado, mas foi essa estratégia que permitiu que a Guerra de Atrito ocorresse.

    Os incidentes eventualmente escalaram e os conflitos tornaram-se maiores. Em uma de suas incursões, o exército de Israel, através da Sayeret Matkal, destrói a maior fonte de eletricidade do Egito. O blecaute força Nasser a parar as hostilidades por alguns meses.

    Em 3 de Março de 1969, o presidente egípcio declarou que o cessar-fogo de logo após a guerra dos seis dias era nulo e inválido. Em seqüência, iniciou uma grande ofensiva de bombardeios e posicionou muitos mísseis de alta tecnologia recém-comprados da União Soviética ao longo do Canal de Suez, dificultando a ação das Forças de Defesa de Israel. Nasser também trouxera muitos MiG’s comprados de Brezhnev. Além disso havia mais de 10.000 tropas russas no Egito, além de mais de 100 pilotos para operar os MiG’s.

    Num ponto Nasser e Golda Meir concordavam. A primeira-ministra (que havia assumido o cargo em fevereiro de 1969, após a morte de Levi Eshkol) de Israel também achava que seu país não poderia suportar muitas perdas durante tanto tempo. Devido a isso ela adotou o sistema de guerra assimétrica, respondendo aos ataques egípcios com muito mais força, geralmente com o uso da aeronáutica e dos bombardeios.

    No front jordaniano, sírio, libanês e interno (Faixa de Gaza e Samária e Judéia) a situação era diferente. Nesses pontos, a Tzavá lutava contra os terroristas, que vinham do Golan, do sul do Líbano, do outro lado do rio Jordão e das cidades palestinas. Eles contavam com a ajuda do exército jordaniano e sírio. No entanto, o governo jordaniano e a OLP acabaram entrando em confronto.

    Após a guerra dos seis dias, muitos palestinos cruzaram o Jordão e entraram no Reino Hashemita da Jordânia, fortalecendo a OLP de Yasser Arafat. Quando a Jordânia aceitou um cessar-fogo com Israel proposto pelos EUA em Agosto de 1970 que, na prática, significava o reconhecimento do Estado de Israel, a OLP ficou enfurecida e começou a combater o exército jordaniano, recebendo, para isso, ajuda do exército sírio. Com a ajuda de Israel e dos EUA, o rei Hussein conseguiu expulsar a OLP e seu braço armado, o Fatah, num evento que ficou conhecido como Setembro Negro.

    Na Cisjordânia, a atividade terrorista foi fortemente suprimida pela Tzavá. No entanto, ela transferiu-se para Gaza. Com o desmantelamento de muito da estrutura do Fatah na Cisjordânia ocupada por Israel e de sua expulsão do Reino da Jordânia, a Fatah acabou instalando-se no sul do Líbano, de onde vieram muitos ataques. No início, o exército libanês não interveio, mas quando os terroristas quiseram expandir sua influência para Beirute, o governo ficou preocupado e a OLP e o exército passaram a lutar. Os dois acabaram chegando a um acordo secreto em 1969 pelo qual a Fatah reconhecia a soberania do governo de Beirute sobre seus territórios, mas mantinha sua autonomia para combater Israel.

    O exército israelense cruzou a fronteira síria e libanesa diversas vezes para tentar deter os ataques do Fatah.

    O cessar-fogo de Agosto de 1970 mencionado logo acima foi proposto pelos EUA, pois tinham medo de que o conflito crescesse muito. Os soviéticos haviam participado ativamente e a Guerra Fria ainda vigorava. Temerosos de uma guerra maior, os EUA pressionaram para que os países em guerra aceitassem este acordo. Ele foi aceito pelo Egito e pela Jordânia, com total apoio da União Soviética, que também temia uma guerra global.

    O acordo previa limites para a implantação de mísseis nas fronteiras e foi logo violado pelos egípcios e soviéticos, que moveram seus mísseis para perto do Canal de Suez. No entanto, em Setembro de 1970, Nasser morreu e seu vice-presidente, Anwar el-Sadat assumiu. Sadat não quis continuar a Guerra de Atrito, concentrando-se em obter uma retirada parcial de Israel do Sinai. Apesar de ele não ter tido sucesso, a crise acabou.

    O fim da guerra foi confuso e ambos os lados declaram-se vencedores. Morreram no conflito, entre 15 de junho de 1967 e 8 de Agosto de 1970 (data do cessar-fogo), quase 3.500 soldados israelenses e 800 civis. Muitos mais egípcios morreram: uma estatística enumera 10.000. Além disso, morreram 3 pilotos soviéticos.