Judeus no mundo
REPÚBLICA TCHECA
O país conhecido como República Tcheca é novo e, por isso, para contar a história do povo judeu nesta nação é preciso entender a história do que foi aquele território antes de se tornar o que é hoje. Inicialmente, três regiões formavam o que chamamos de Rep. Tcheca, eram elas: Boêmia, Moravia e Silésia. Estas regiões estiveram sob diversas influências e transformações políticas no decorrer dos séculos, o que fez com que a vida dos judeus variasse muito de condições.
Por volta de 995 d.c., os judeus locais se aliaram ao Império Bizantino na luta contra Búlgaros residentes da região que hoje é parte da Polônia, Eslováquia e Hungria. Esta ajuda cedida pela comunidade judaica à Bizâncio deu-lhes a permissão de se estabelecer entre a Boêmia, a Moravia e a Silésia.
No entanto, após o estabelecimento destes judeus, apareceu a primeira onda de anti-semitismo no local. As Cruzadas patrocinadas pela Igreja Católica chegaram à região trazendo uma ideologia carregada de ódio religioso, o que desencadeou o começo de uma era marcada pelo decréscimo da qualidade de vida para os não-cristãos.
A influência da Igreja Católica começou a atingir a população regional. O ódio ao povo judeu foi representado por pogroms e libelos de sangue (acusação de usar sangue para a fabricação de matzá) em 1389. O anti-semitismo culminou quando, em 1541, a família Habsburgo chegou ao poder na Áustria e, controlando a Boêmia, a Moravia e a Silésia, expulsou todos os judeus de seus territórios. Os judeus só poderiam volta dez anos depois.
Mesmo sendo conhecida como uma das mais liberais dinastias da Europa, foi sob comando dos Habsburgo que se decretou a segregação dos judeus do restante da sociedade. Trajes e bairros exclusivos aos judeus foram feitos como estratégia de segregação.
Resumindo, os monarcas Habsburgo até o século XVII, com exceção do Rei Rudolf II (1576-1611) e do Rei Mathias (1611-1619), foram temidos pelo povo judeu como opressores terríveis. No entanto, estes dois reis, que fugiram à regra do anti-semitismo na corte, representaram um “era de ouro” para comunidade judaica da região. Nesta época, os guetos e os uniformes foram abolidos, os judeus ganharam direito à propriedade e puderam prosperar em todos os meios da sociedade.
Seguindo a regra de que as diversas influências exercidas sob a Boêmia, a Moravia e a Silésia fazem a qualidade de vida judaica variar, a “era de ouro” foi seguida pela volta da repressão. O anti-semitismo anteriormente incentivado pela Igreja, agora era impulsionado pelos ideais da contra reforma. Esta segunda onda de ódio foi aderida pela então rainha Maria Teresa, que novamente expulsou os judeus de suas casas. Assim, o século XVIII começara já simbolizando perseguição e assimilação do povo judeu.
No final do século XVIII, o nacionalismo começou a influenciar grande parte da população, tanto alemã quanto Tcheca. As duas correntes de nacionalismo que se instauravam nos domínios dos Habsburgo usava os judeus como bode-expiatório para problemas sociais e políticos. As intrigas contra o povo judeu eram tantas que, em 1899, um judeu da Boêmia chamado de Leopold Hilsner foi falsamente acusado de assassinar uma garota durante um ritual religioso. Hilsner foi inocentado e recebeu desculpas reais, mas seu caso só fez aumentar o anti-semitismo da sociedade.
Mesmo com todo ódio e perseguição, os judeus morávios, boêmios e silésios prosperaram chegando a uma população de mais de 130 mil pessoas, entre elas industriais pioneiros em vários setores, como têxtil e alimentício. Este poder econômico e numérico garantiu direitos aos judeus quando, no final da Primeira Guerra Mundial, o império Austro-Húngaro caiu, dando a brecha para a criação de novos estados como a Thecoslováquia.
Neste novo país, os judeus foram reconhecidos verdadeiramente como peças fundamentais para a economia do país e, assim, começaram a ser respeitados. Receberam direitos totais de cidadania e puderam administrar a vida nos seus bairros.
Como resposta às ondas de nacionalismos que perseguiam as comunidades judaicas, os judeus tchecoslovacos, que agora prosperavam como nunca, viraram em sua maioria adeptos do sionismo. Ao mesmo tempo, foi criado um conselho nacional de judeus para representar a comunidade no governo e inúmeras escolas judaicas começavam a serem erguidas. Infelizmente, tudo isso começou a ruir novamente com a vinda da Segunda Guerra Mundial e o Reich de Hitler.
O Holocausto veio com tamanho horror para os judeus tchecoslovacos como para o resto da Europa. Em 1933, moravam ali cerca de 350.000 judeus. Esta população aumentou enormemente quando judeus que fugiam do nazismo se refugiaram no país.
Hitler mostrou-se interessado em invadir os Sudetos (território tchecoslovaco de população predominantemente alemã) e logo o país inteiro estava nas mãos do Füher. As tropas nacionais (cuja metade era de judeus) nada puderam fazer para deter o temido exército alemão e em alguns anos, 85% da população judaica já havia sido morta.
Porém, a história dos judeus naquela região mudaria drasticamente de novo, após uma mudança de influencia exterior. Depois da guerra e da derrota da Alemanha nazista, a região da Tchecoslováquia ficou sob comando soviético, o que fez os judeus repensarem sua rotina já abalada. O antigo sionismo começava a ressurgir o que teve como conseqüência uma aliá em massa do país. As relações entre Tchecoslováquia e Israel eram boas e fortes, mas o domínio comunista proibira as religiões, inclusive a judaica, o que fez com que a relação entre os dois países se apagasse.
Em 1991, a URSS acaba abrindo uma brecha para a independência da República Tcheca e da Eslováquia que acontece em 1993. Após isto, as relações diplomáticas com Israel foram imediatamente reatadas e o país trata até hoje os judeus como qualquer outro cidadão.
Hoje existem 6 mil judeus na Rep. Tcheca, diversas instituições como sinagogas, museus e escolas. Além disso, a capital, Praga, (que abriga 1.700 judeus) mantém vivo o cemitério judaico mais antigo da Europa, com cerca de 600 anos. A população judaica vem diminuindo devido à baixa taxa de natalidade na comunidade, nas altas taxas de emigração e na assimilação constante.