Judeus no mundo
FRANÇA
Os primeiros indícios da presença judia no território franco datam do século IV E.C, quando a Gália (antiga França) era um anexo do Império Romano. A existência de judeus não formava uma comunidade concreta até a invasão romana de Jerusalém, que formou inúmeros refugiados e iniciou uma união entre o povo judeu com foco nas cidades de Bordeaux, Lyons e Arles.
O anti-semitismo não é um sentimento forte encontrado nos franceses até meados do século XI, quando começam as Cruzadas incitadas pela Igreja Católica Apostólica Romana.
Após a Segunda Cruzada (1147- 49) o anti-semitismo cresce e adquire força na França. Descriminações como taxas e flagelos começam a ser impostas sobre os judeus até que em 1171 ocorre o primeiro libelo de sangue. Na cidade de Blois 31 judeus são mortos queimados vivos.
A situação dos judeus piora drasticamente com a ascensão de Felipe Augusto, que aprisiona todos os judeus e confisca os seus bens. Subseqüentemente Felipe, o Belo expulsa 10.000 judeus das terras francesas e Louis IX incita ataque anti-semita que ocasiona em 3.000 mortes.
Apesar de todas perseguições, massacres e ódio, o nível cultural do povo judeu na França era enorme. O melhor exemplo disso foi o estudioso Rashi, que criou sua própria yeshiva.
Após a segunda metade do século XV a população judaica começou a aumentar devido a massacres ocorridos no restante da Europa que originaram refugiados. Com a comunidade crescendo novamente os franceses tiveram de se adaptar com os judeus e os costumes anti-semitas começaram a perder popularidade até que por volta de 1780 o país, que mantinha 40.000 judeus, invalida diversas leis contra o povo israelita.
Com a Revolução Francesa, os judeus finalmente conseguiram seu direito de serem considerados cidadãos pela pátria franca. Embora os Ashkenazim tenham assegurado seu direito à cidadania após os Sefaradim, no final, todos foram reconhecidos pelo governo.
Napoleão reconheceu os judeus como “uma nação sem nação”. Ele convocou o Sanhedrim (Sinédrio) para ajudá-lo em assuntos referentes aos judeus. O período napoleônico consentiu com a presença dos judeus, mas estes viviam sob controle dos governantes.
O século XIX, conhecido pela Restauração Monárquica na França, foi um marco importantíssimo na história franco-judaica. Escolas judaicas foram abertas e reabertas, o ativismo político, a economia, a filosofia e a ciência fizeram parte da vida de muitos israelitas como Achille Fould, Emile Durkheim, Marcel Proust e as famílias Rothschild e Periere.
Como muitos judeus ascenderam socialmente, teorias conspiratórias e anti-semitas começaram a ganhar apoio novamente e o clima tenso culminou no caso Dreyfus, que julgou injustamente o oficial judeu Alfred Dreyfus de espionagem. Ele foi sentenciado ao exílio perpétuo na Ilha do Diabo e só absolvido dez anos depois com a queda do governo que o julgou.
Inspirado no caso Dreyfus o jornalista Theodor Hertzl escreveu “O Estado Judeu” e oficializou o surgimento do sionismo moderno.
No século XX viveram alguns dos principais artistas judeus, tais como Modigliani, Soutine, Kisling, Pisarro e Chagall. Neste mesmo século a população judaica aumentou com a vinda de 25.000 refugiados do Império Otomano.
A Primeira Guerra Mundial praticamente acabou com o anti-semitismo já que a França necessitava de união pra passar a guerra com o mínimo de lesões à pátria.
Duas décadas depois a Alemanha Nazista declara guerra à França e elimina suas forças armadas em dois meses. Ocupada pelo Reich a França teve seu governo deposto. O novo governo, sediado na cidade de Vichy¹, era liderado pelo Marechal Pétain. Nesta época estima-se que 300.000 mil judeus moravam na França.
A partir de 1940, as Leis raciais de Nuremberg começaram a vigorar nas fronteiras francesas e a campanha anti-semita ganhou força. Cerca de 77.000 judeus foram deportados para campos no Leste Europeu. Em um campo de concentração francês, Gurs, em um momento houve 15.000 internos. Estima-se que um quarto da população franco-judaica foi eliminada durante o período da Segunda Guerra Mundial.
De 1945 a 1970 a comunidade judaica triplicou e atualmente conta 600.000 pessoas, 375.000 só em Paris.
O maior problema contemporâneo para judeus na França é o anti-semitismo, que culminou em diversos ataques a sinagogas e cemitérios e num partido Nacionalista com ideais anti-judaicos que reuniu um número alarmante de votos.
Embora ainda haja muito anti-semitismo em partes da população francesa, diversos monumentos, memoriais e instituições voltadas à lembrança da Shoá foram criados nas décadas de 80 e 90. Além disso, ocorreram os julgamentos dos nazistas atuantes no país, como Maurice Papon, Klaus Barbie e Paul Touvie.
1. Dois terços da França foram capturados pelos exércitos nazistas. Na parte não ocupada, eles instalaram um governo colaboracionista, sediado na cidade de Vichy e encabeçado pelo Marechal Philipe Pétain.