Judeus no mundo
CHILE
O começo da história judaica no Chile não é bem definido completamente. Sabe-se que começaram vilas de marranos (judeus convertidos para o cristianismo à força, mas que praticavam o judaísmo em segredo) no início do século XVII. Porém, há evidências que exploradores marranos desbravaram as terras chilenas já em 1535. Nomes de exploradores famosos como Rodrigo de Orgonos e Diego Garcia de Cáceres tem fortes indícios de pertencerem a famílias de convertidos. Por volta de 1621, o jornal de Santiago La Ovandina publicou um panfleto mostrando que diversas famílias proeminentes da cidade descendiam de Cáceres, inclusive um dos fundadores do movimento de independência chilena, o General Jose Miguel Carrera.
A comunidade de marranos prosperou o suficiente para que a Inquisição enviasse agentes para Santiago a fim de achar alguém que praticasse o judaísmo. Personalidades importantes da cidade foram condenadas à morte, como o diretor do hospital de Santiago, Francisco Maldonado de SilvaSan que morreu em 1639 no tribunal da Inquisição de Lima, no Peru. Mesmo com a perseguição imposta pela Igreja, a comunidade de marranos do Chile continuou a existir e isto chamou a atenção de judeus importantes em todo o mundo, como Simon de Cáceres, um judeu londrino que tentou enviar um contingente militar para explorar terras chilenas, mas não obteve êxito. Apesar da atenção que recebeu, a comunidade chilena só parou de ser perseguida com a independência do país.
A independência do Chile se deu em 1818, embora outras tentativas de insurreição contra a coroa espanhola tenham ocorrido por volta de 1810. Muitos personagens importantes desse processo de descolonização se diziam descendentes de judeus ou até mesmo praticavam a religião. Esse é o caso de Diego Garcia de Cáceres (um dos líderes da revolução) e Diego Portales, o pai da primeira constituição chilena.
A partir da independência, o Chile passou a ser um importante destino para judeus que se refugiavam de seus países originais, como judeus russos que escapavam da revolução Bolchevique. Com a população judaica em crescimento, o país começou a abrigar uma comunidade muito mais forte politicamente, com personalidades de forte influência no governo chileno. Após a Declaração Balfour, esse engajamento político criou um forte sentimento sionista na comunidade, que resultou na criação de diversos órgãos como a Federação Judaica do Chile, que organiza para as comunidades de 13 cidades um congresso sionista todo o ano.
Com o surgimento do nazismo na Europa, uma onda de anti-semitismo cresceu em todo o mundo. Aproximadamente 880 judeus que fugiam da perseguição do nazi-fascismo encontraram abrigo no Chile. Como no restante dos países, houve um crescimento considerável de seguidores do anti-semitismo no país, o que levou a criação de um comitê (o “Comite Representativo”) para lutar contra o anti-semitismo.
Quase 25 anos após o término da Segunda Guerra Mundial, o presidente socialista Salvador Allende é eleito. Diversas famílias e políticos judeus apoiavam as idéias de Allende e conseqüentemente, tinham cargos de importância no seu governo, porém havia judeus contra o socialismo de Allende e acabaram deixando o país ao verem seus bens ameaçados.
Da mesma forma ocorreu com o governo de Augusto Pinochet: Judeus foram exilados e outros favorecidos. Naturalmente, os apoiadores do ex-presidente foram procurados e expulsos do país pelo ditador. Politicamente, Pinochet era fortemente a favor do Estado de Israel e isso favoreceu para que estreitasse relações com a comunidade judaica chilena.
Hoje em dia, existem aproximadamente 10.000 judeus no Chile. A comunidade continua com a tradição de representar um foco de cultura no país. Os judeus chilenos têm importante participação na política, no campo das artes plásticas, cênicas e no sistema educacional do país.
Existem duas escolas judaicas, museus e clubes judaicos e um grupo de bombeiros judeus (o “Bomba Israel”), além de sinagogas que abrangem todas as correntes do judaísmo. Estão presentes no Chile as tnuot Bet-El, Tzeirei Ami e Maccabi Hatzair.