Judeus no mundo

EUROPA ORIENTAL (aprox. 1300 - 1650 E.C.)


"Cuidado com os poderes dominantes! Eles não fazem amizade
com uma pessoa a não ser por sua própria necessidade" 

Talmud

   
    Durante o século XIV ocorreu uma grande migração de judeus para um território que naquela época buscava sua autonomia na Europa oriental, a Polônia. Nessa época, os judeus chegavam vindos da Alemanha, de onde muitos haviam sido expulsos e de onde é a atual Ucrânia, já que de lá eles também tiveram de sair com a invasão dos Tártaros.

    Os regentes da Polônia tinham no princípio uma boa relação com os judeus. Alguns judeus inclusive cunhavam moedas. A ajuda dos judeus também foi importante no princípio da formação da Polônia como nação. Essa boa situação durou cerca de 100 anos, nos quais os judeus eram protegidos pelo estado e podiam se desenvolver. Contudo, alguns cristãos alemães que também tinham como principal atividade econômica o comércio começaram a chegar. Eles queriam ter o monopólio do comércio.

    Além deles, a igreja católica não via com bons olhos essa proteção aos judeus. Houve um concílio em Breslau, que pretendia impor aos judeus as mesmas condições de vida da Europa ocidental. Essa tentativa não obteve muito sucesso. Começou a se por em prática então a técnica de provocar medo na população e incitar ataques.

    A situação se configurou no fim, da seguinte maneira: A nobreza da Polônia era inclinada a ser tolerante com os judeus e viam neles um importante apoio para a prosperidade do país, enquanto a igreja fazia pressões por restrições. Então, quando o rei era forte e não precisava do apoio do clero os judeus viviam bem, quando o nobre era fraco e dependente os judeus passavam por períodos difíceis. Por sorte, a maioria dos reis tinha seu poder bastante consolidado.

    No século XVI, com a chegada do protestantismo na Alemanha e em outros países vizinhos, levou a igreja a aumentar sua pressão sobre o governo contra os judeus. Além disso, a Polônia vinha passando por um processo de concentração de terras, que levou muitos nobres a falência. Muitos deles colocavam a culpa de sua falência nos judeus. Com o apoio dessa nobreza, a existência dos judeus na Polônia começava a ser fortemente ameaçada.

    Esse período foi importante na história do judaísmo. Nele, começou a surgir a famosa língua dos judeus da Europa oriental, o ídiche, também houve um forte desenvolvimento do saber judaico, com várias academias talmúdica e especialmente nas figuras de Salomão Shakna (1500-1558), rabino de Lublin, Moisés Isserles (1530-1572), chefe da Ieshivah de Cracóvia e Salomão Luria (1510-1573) que escreveu tratados talmúdicos.

    Um fato se destaca neste período: a revolta de Chmielnitsky. Bogdan Chmielnitsky era o líder de um grupo de cossacos, povo que habitava as margens dos rios Dnieper e Don. Este povo era conhecido por suas habilidades militares, especialmente sobre o cavalo¹. Em 1648, sob o pretexto de livrar seu povo da dominação polonesa e de assegurar os privilégios da nobreza à qual pertencia, incitou uma revolta contra a Polônia. Chmielnitsky dizia que “os poloneses haviam vendido os cossacos aos malditos judeus”. Usando isto como grito de guerra, os cossacos mataram milhares² de judeus.


    1 Os cossacos viriam a ser a tropa de elite da cavalaria russa por um bom tempo. Chegaram a lutar até na Segunda Guerra Mundial.
    2 As fontes variam muito, apontando desde 50.000 a 300.000 mortes