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A PALESTINA E A DOMINAÇÃO TURCO-OTOMANO (séc XX E.C.)


"Há muito têm as mãos sidos as mãos de Esaú, e a voz, a voz de Jacob. É tempo de Jacob usar também as mãos." 
Aharon David Gordon

 
    Durante as últimas décadas do Século XIX e nas duas primeiras décadas do século XX, um número crescente de judeus habitava a região da Palestina. Por volta de 1907, havia cerca de 70.000 judeus na região. Muitos deles viviam em situação de extrema pobreza, sendo inclusive mendigos. Havia também, cerca de 5.000 vivendo em colônias agrícolas financiadas pela PICA (Associação para a Colonização Judaica na Palestina). Contudo, esses judeus não poderiam ser considerados lavradores, já que o trabalho na terra propriamente dita era realizado principalmente por trabalhadores árabes.

 

    A partir de 1904, com a chegada da segunda Aliá, a característica dos judeus naquela região começou a mudar. Estes novos imigrantes chegaram para trabalhar a terra, inspirados principalmente por um ideal socialista. Entre eles, destacam-se Aharon David Gordon, Ber Borochov e David Ben-Gurion. Os primeiros anos destes colonizadores foram bastante difíceis, trabalhando como mão-de–obra judia por baixos salários, sendo atacados pela fome e malária. Contudo, eles se organizaram , formaram o Poalei Tzion e o Ha-Poel Ha-Tzair, editaram seus próprios jornais e lutaram pela formação de suas próprias colônias agrícolas.

 

    As primeiras fazendas coletivas (Kibbutzim) foram formadas, às margens do Lago Kineret, com o financiamento do Fundo Nacional Judaico, eram Deganyah A(foto) e Deganyah B. Também nessa época, o hebraico começou a se tornar a língua corrente na região. Até o hebraico ser largamente adotado, muitos grupos tentavam colocar sua língua materna (francês ou alemão, por exemplo) como língua corrente, mas com a determinação principalmente dos mais novos imigrantes, em 1917, praticamente toda a população judaica na Palestina falava hebraico. Em 1907, visando a própria proteção, os judeus se uniram e formaram uma sociedade secreta, a Bar Guiora, que iria defender as colônias judaicas na Palestina. Durante todo esse período, a relação entre judeus e árabes foi bastante tranqüila. Apesar de alguns grupos atacarem colônias judaicas, a maioria aceitava bem os judeus e, até mesmo as lideranças nacionalistas árabes aceitavam o estabelecimento dos judeus.

 

    Em 1914, começa a primeira guerra mundial. Com ela, a situação judaica transforma-se radicalmente. A primeira guerra foi uma disputa entre as potências européias para definir questões ligadas ao imperialismo. De um lado estavam Inglaterra, França, Rússia (que formavam a tríplice Entente e receberam depois o apoio da Itália e dos EUA) e do outro aparecia a Alemanha, a Áustria-Hungria e o império Turco-Otomano.

 

    Na Palestina, os judeus organizaram dois grupos armados que lutaram junto com os ingleses. A Legião Judaica, idealizada por Yossef Trumpeldor e Vladimir Zeev Jabotinsky, que foi incorporada ao exército Britânico. Ela lutava pela libertação de Israel do domínio Turco-Otomano. O NILI (Netzach Israel Lo Ieshaker - A força de Israel não mente - I Samuel 15:29), era um grupo de espionagem que enviava informações ao governo Britânico. Sua participação levou informações extremamente importantes aos esforços de guerra Britânicos.

 

    Além disso, Chaim Weizman, eminente sionista, ajudou o governo inglês, criando um processo de sintetização da acetona, importante componente de uma bomba. Assim, devido a toda a ajuda que muitos judeus sionistas deram à Inglaterra durante a primeira guerra e a interesses britânicos na região, foi feita a Declaração Balfour, a primeira manifestação oficial emitida por uma potência a favor da criação de um lar nacional judaico em Eretz Israel. Com isso, a criação de um estado judaico tornava-se cada vez mais próxima.