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SAUL E DAVI (aprox 990-970 a.E.C)


"Agora, pois, sejam as fortes as vossas mãos e sedes valentes, pois Saul,
        vosso senhor é morto e os da casa de Judá me ungiram rei sobre si." 
2
Samuel 2.7 

   
    O reinado de Saul iniciou-se forte devido ao apoio que ele recebia de Samuel e, por conseqüência, da grande maioria do povo. Contudo, houve um episódio que abalou seriamente essa relação.

    Lembrando um episódio bíblico em que os judeus foram atacados covardemente pelos amalequitas quando fugiam do Egito, Samuel pede a Saul que ataque uma tribo deste povo para vingar este episódio. Saul aceita e, junto com seu exército realiza o ataque. Porém, ao invés de destruir tudo e todos que fossem amalequitas, Saul decidiu fazer Agag, o rei de Amalek, prisioneiro e o exército, formado basicamente por lavradores, não suportou a idéia de destruir o gado.

    Quando Samuel soube disso, ficou extremamente irritado e disse que Saul deveria ser substituído por um rei melhor. Apesar de levar adiante essa idéia, Samuel nunca voltou a ter uma boa relação com Saul.

A luta contra os filisteus, principal objetivo do governo de Saul, tinha dois focos principais. O primeiro, formado por Saul, seu filho Jônatas e seu exército, teve importante participação, especialmente nos primeiros anos de reinado. Nas primeiras batalhas, quando os israelitas tinham menos armas do que os filisteus, Saul usou-se de blefes inteligentes para atrapalhar o inimigo.

    Certa feita, Jônatas e um escudeiro subiram uma montanha ocupada por filisteus no meio da noite e apareceram diante dos filisteus. Nesse momento, Jônatas começou a golpear o ar e os filisteus acharam que havia um grande número de judeus com ele. Os filisteus entraram em pânico, armaram todas suas armas de maneira desajeitada e acabaram inutilizando muitas. Com isso, Saul pôde atacar diretamente os filisteus e conseguiu assim uma grande vitória.

    No segundo foco da luta contra os filisteus surgia Davi. Uma vez, o gigante filisteu Golias colocou-se entre o acampamento filisteu e o acampamento israelita e gritou em desafio. Davi aceitou. Armou-se de uma funda e pedras lisas e matou-o. Ganhava ele, então, fama: era aclamado David "o matador de gigantes".

    Ele logo se torna oficial do exército e participa de várias batalhas. É levado para a corte de Saul, torna-se amigo íntimo de Jônatas, torna-se popular, o mais popular entre todos.

    Saul começa a ver em David um inimigo. Com a presença de um inimigo e a rejeição por parte de Samuel, Saul torna-se paranóico. Deu sua filha Michal a David em casamento, mas em seguida mandou prendê-lo. David fugiu para sua terra natal, a judéia onde formou um pequeno exército de salteadores e, quando sua terra não mais o protegia, empregou-se, com seu exército, aos filisteus

    Chegou então o momento em que os filisteus decidiram realizar um grande ataque. Em defesa de Israel, Saul, Jônatas e o exército acamparam no monte Gilboa. Era o momento decisivo do reinado de Saul. A derrota significaria a destruição de tudo o que ele lutara por conseguir. Por esse medo, Saul foi a En Dor¹ consultar uma feiticeira que falava com os mortos. Ela se comunicou com Samuel (já morto naquela época) e este proferiu palavras de destruição a Saul e seu exército.

    Veio, no dia seguinte, a grande batalha. O exército israelita foi derrotado com grandes baixas, Jônatas foi morto em batalha e Saul, desesperado, cometeu suicídio. Chegava ao fim o reinado de Saul. Esta última derrota poderia levar ao fim da consciência nacional e da unidade israelita, mas havia surgido um novo líder capaz de impedir a desestruturação. David.

    David estava ainda com os filisteus quando um mensageiro israelita veio lhe informar da derrota de Saul. Ele não havia participado da grande batalha, pois os filisteus não confiavam nele para lutar contra Israel. Ao ouvir a notícia David ficou horrorizado, executou o mensageiro por seu esforço e compôs um poema em homenagem a Saul e Jônatas. Porém, para David ainda havia muita política a fazer antes de tornar-se rei.

    Voltou para sua terra natal, onde foi eleito, pelos chefes dos clãs, rei de Judá. Por outro lado, Ishbaal (filho mais jovem de Saul) foi proclamado rei de toda Israel por Abner, um dos chefes do exército de Saul.

    Começou então uma guerra civil entre os dois reis. Foi uma guerra sangrenta, mas David mantinha alguma vantagem. Houve um momento em que Abner, chefe do exército de Ishbaal, encontrou uma razão para brigar com Ishbaal, mas antes que pudesse fazer isso foi morto por Joab, chefe do exército de David.

    Com isso, a situação se acirrou novamente, e, tentando cair nas graças de David, alguns oficiais da guarda pessoal de Ishbaal o assassinaram. David negou participação em ambos os assassinatos e, no caso do segundo mandou executar os oficiais que o cometeram. Bem ou mal, esses assassinatos ajudaram David a chegar ao trono. Os anciãos das tribos do Norte logo apareceram e ofereceram fidelidade a David. Assim, após sete anos de guerra civil Israel era um reino unificado sob um rei.

 

 

 

1 Saul havia proibido a feitiçaria, necromancia, adivinhação e outras artes místicas. No entanto, em seu desespero procurou uma. Para saber onde havia uma pitonisa Saul perguntou a seu exército onde achá-la. Isto mostra que a lei não foi de todo cumprida.