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SAMUEL E SAUL (aprox 1050 - 990 a.E.C)


"Surge a Israel um rei"               

   
    Antes da época do surgimento dos reis, é necessário notar a situação pela qual passavam os judeus. Vivendo em várias tribos separadas e não tendo um governante comum, cada tribo acabava sendo obrigada a enfrentar os outros povos da região sozinha. Essa situação funcionou de maneira razoável durante o período dos juízes, mas mesmo naquela época a tribo de Dan foi expulsa de sua cidade.

    Antes da monarquia, o único marco de união judaica era o templo de Shiloh, para onde judeus de toda Israel peregrinavam. Neste templo, cresceu Samuel. Fruto de uma gravidez quase milagrosa, seus pais decidiram dedicá-lo ao serviço de D´eus. Quando Samuel atingiu idade suficiente para ser útil ao templo, ele foi levado a Shiloh e consagrado assistente do Sumo Sacerdote Eli.

    Passados alguns anos, os filisteus iniciaram uma grande ofensiva contra os territórios judaicos. Apesar da grande divisão entre as tribos, os judeus conseguiram reunir um exército grande, mas que não estava em ótimo estado, devido à falta de uma liderança forte.

   Numa tentativa de mobilização, chamaram-se os sacerdotes de Shiloh, para que trouxessem consigo a arca da aliança e dessa maneira os judeus se inspirassem. Contudo, isso de nada adiantou, os filisteus derrotaram os israelitas, roubaram a arca da aliança e mataram os filhos do sumo sacerdote Eli, que também morreu logo em seguida. Pior que isso, os filisteus continuaram avançando, destruíram o templo de Shiloh e proibiram aos israelitas a fabricação de espadas e outras armas. Como consolo, os filisteus devolveram a arca da Aliança.

    Com tudo isso, Samuel tornou-se Sumo Sacerdote, estabelecendo-se na cidade de Efraim e percorrendo toda a terra levando uma mensagem de fé em D´us e esperança. Ele conseguiu, também, inspirar alguns jovens que passaram a ajudar a levar sua mensagem. Todo esse trabalho gerou frutos: a população se tornou consciente de sua religião. Porém, o grande objetivo - restabelecer o território tomado pelos filisteus - ainda não fora alcançado.

    Para isso, o povo queria um rei, o que deixou Samuel muito triste, pois para ele D´us era o rei de Israel. Mesmo contrariado, prometeu ao povo um rei. Escolheu Saul, um jovem belo, modesto, educado e que pertencia a uma família não muito importante da menor das tribos (Benjamin). Essas últimas características eram importantes, pois o impediam de tornar-se um ditador, mantendo-o dependente dos anciãos. Contudo, o nome de Saul não impressionou o conselho de anciãos porque pareciam ausentes nele as qualidades de decisão e comando.

    Todavia, Saul provou que tinha essas qualidades. A cidade judaica de Jabesh estava sendo ameaçada pelos amonitas. Estes desafiaram os israelitas a pedirem ajuda das outras cidades judaicas e, caso a ajuda não chegasse, eles deveriam se render de maneira humilhante. Os homens de Jabesh pediram por ajuda, mesmo descrentes de que ela viria.

    Nesse momento Saul entra em cena. Ele mata dois de seus bois, corta em vários pedaços a carne e manda distribuir entre a população com a mensagem de que faria o mesmo com os bois de todos os israelitas que não se juntassem a ele e a Samuel. Conseguiu, assim, reunir um grande exército e, comandando brilhantemente, derrotou os amonitas.

    Assim, Saul foi aceito e coroado rei. Durante seu reinado, o principal foco foi a retomada dos territórios que haviam sido dominados pelos filisteus. Apesar de uma desvantagem de armas e de número, os líderes israelitas conseguiam importantes vitórias com ataques surpresas e táticas bem-preparadas.

    A sociedade durante seu reino era basicamente agrícola – plantações e criação de gado - não havia muita vida urbana e, por conseqüência, o desenvolvimento cultural, assim como o acesso a cultura, era pequeno. Esta parte começará a aparecer durante o reinado de David com a construção de Jerusalém.