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PÓS-HOLOCAUSTO
"Você é um homem religioso. Você acredita em D'eus e na vida após a morte. Eu também acredito. Quando formos para o outro lado
e encontrarmos os milhões de judeus que morreram nos campos e eles perguntrem 'O que você fez?' Haverá muitas respostas. Você
dirá 'Eu virei um joalheiro'. Outro dirá 'Eu contrabandeei café e cigarros americanos'. Ainda outro dirá 'Eu construi casa', mas Eu direi
'Eu não me esqueci de ti'."
Simon Wiesenthal
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a vitória dos aliados, um novo mundo precisava surgir. Os judeus que sobreviveram aos campos de concentração podiam voltar para suas casas provavelmente destruídas, ou iniciar uma nova vida na América ou em Israel. Quanto aos sobreviventes nazistas, era a hora de fugirem especialmente para a Argentina e outros países da América do Sul, ou enfrentarem a justiça no tribunal de Nuremberg.
O tribunal de Nuremberg foi criado em agosto de 1945. Ele era responsável pelo julgamento de criminosos que tivessem cometidos crimes contra a humanidade, como assassínio, extermínio em massa, escravização de pessoas, perseguição política, racial, ou religiosa. Foram julgados neste tribunal 23 nazistas, a maioria delas sentenciada à pena de morte.
Contudo, os líderes nazistas que conseguiram fugir, também deveriam ser julgados. Adolf Eichmann foi um deles. Após fugir de uma prisão de guerra americana, passar por diversos países da Europa e do Oriente Médio, Eichmann conseguiu se estabelecer na Argentina sob um nome falso. Numa operação do Mossad, Eichmann foi preso e levado a Israel para julgamento. Num grande julgamento, ele foi condenado à morte, sendo até hoje, o único civil a receber esta pena em Israel.
Entre os judeus sobreviventes, alguns cederam sua vida para fazer justiça a todos àqueles que morreram. Entre eles, destaca-se Simon Wiesenthal. Após passar quatro anos e meio em diversos campos de concentração, ele conseguiu sobreviver. Ele iniciou então um grande processo de documentação sobre as vítimas do holocausto e de busca aos criminosos de guerra nazistas. Graças ao seu trabalho, cerca de 1100 criminosos foram presos. Ele foi indicado quatro vezes ao prêmio Nobel da Paz, mas acabou não ganhando. Ele foi também condecorado como Cavaleiro pela rainha da Inglaterra.
Cabe destacar também, aqueles que trabalharam para que o maior número possível de judeus sobrevivessem. Entre eles, destaca-se Rudolf Kasztner. Líder da comunidade judaica húngara, ele negociou com Eichmann a troca de prisioneiros judeus por caminhões e bens de guerra. Graças a ele, 1350 pessoas do campo de concentração de Bergen Belsen foram soltas. Ele foi julgado em Israel, por co-responsabilidade no fim do judaísmo húngaro, mas absolvido. Seu nome só foi verdadeiramente reabilitado em 1958, após a sua morte.