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AS LEIS DE NUREMBERG


"O sonho da minha vida virou fato. Auto-defesa no gueto terá sido uma realidade" 
Mordechai Anielewicz

 
    No encontro anual do partido, ocorrido em Nuremberg em 1935, os nazistas anunciaram novas leis que institucionalizavam muitas das teorias raciais prevalecentes na ideologia nazista. As leis excluíam Judeus alemães da cidadania do Reich e os proibia de ter relações sexuais com pessoas de "sangue alemão ou relacionado". Estas leis privavam os judeus, entre outras coisas, da maioria de seus direitos políticos.

 

    As leis de Nuremberg, como ficaram conhecidas, não definiam alguém como judeu por suas crenças religiosas. Em vez disso, qualquer um que tivesse três ou quatro avós judeus era definido como Judeu, independentemente o indivíduo se identificava como Judeu ou pertencia à Comunidade Judaica. Muitos alemães que não praticavam o Judaísmo há anos (e gerações) foram incluídos nesta onda de terror nazista. Até mesmo pessoas cujos avós se haviam convertido ao cristianismo foram consideradas judias.

 

    Em 1937 e 1938, o governo começou a 'empobrecer' financeiramente os judeus, ao exigir que seus negócios fossem registrados e transferidos a proprietários 'arianos'. Isso significava que trabalhadores e dirigentes judeus eram despedidos, e a propriedade da maioria dos negócios de judeus foi assumida por alemães não judeus, que compravam os negócios por preços pequenos definidos pelos nazistas. Médicos judeus eram proibidos de tratar não-judeus, e advogados judeus não podiam exercer o direito.

 

    Assim como todos na Alemanha, os Judeus carregavam carteiras de identidade, mas as suas tinham uma "J" vermelho marcado pelo governo. Além, disso, todos que não tinham primeiro nome notadamente judaico recebiam um novo nome, "Israel" para os homens e "Sara" para as mulheres. Isso permitia à polícia identificar facilmente os judeus.

 

    Durante a 2ª Guerra Mundial, os alemães estipularam a formação de guetos principalmente no leste Europeu (entre 1939 e 1942) e também na Hungria (em 1944). Esses guetos eram bairros fechados dentro das cidades. Os alemães forçaram a população judaica a viver em condições miseráveis. Os alemães justificaram o estabelecimento de guetos judaicos como uma medida provisória para controlar, isolar e segregar os judeus. No começo de 1942, depois da Solução Final, os alemães destruíram sistematicamente os guetos, deportando os judeus para os campos de extermínio.

 

    Entre 1941 e 1943, existiam mais de 100 grupos de resistência em guetos judaicos dos territórios ocupados da Europa Oriental. Eles tinham o objetivo de organizar levantes, sair dos guetos e se juntar a grupos na luta contra os alemães. Os judeus sabiam que levantes não iam acabar com os alemães e que somente alguns, com muita sorte, iriam conseguir sair do gueto e se aliar a grupos de resistência. Mesmo assim, decidiram resistir. Até mesmo em campos de concentração e de extermínio, sob todo tipo de adversidade, judeus conseguiram iniciar algum tipo de resistência e levante, como nos campos de Treblinka, Sobibor e Auschwitz.

 

    Um exemplo muito conhecido é o Levante do Gueto de Varsóvia.

 

    O Gueto de Varsóvia originalmente continha quase 450.000 pessoas. Em janeiro de 1943, esse número havia sido reduzido drasticamente para 37.000. O resto havia sido levado para o trabalho escravo ou para campos de extermínio. Rumores diziam que os alemães iriam acabar com o gueto, esvaziá-lo. Os habitantes que ainda viviam ali, famintos e enfraquecidos por doenças, resolveram lutar.

 

    Quando os alemães vieram para 'limpar' o gueto, para sua surpresa, encontraram resistência.

 

    Havia mais de mil combatentes, incluindo crianças. Usavam pistolas e coquetéis Molotov contra a artilharia nazista, e com sucesso expulsaram os alemães.

 

    Foi uma vitória curta. Os alemães voltaram pouco tempo depois. Desta vez trouxeram maior poder de fogo. Começaram a destruir prédios, pouco a pouco, derrubando tudo. Depois de cerca de um dia, invadiram o hospital, atirando em todos que estavam em suas camas e atearam fogo ao local. Gradualmente destruíram todo o gueto.

 

    Quando os nazistas atingiram os abrigos anti-aéreos, fecharam suas saídas e jogaram gás, matando as pessoas que estavam dentro. Alguns combatentes escaparam para os esgotos, e então os alemães levantaram o nível das águas.

 

    Em cerca de três semanas, a batalha principal estava acabada.

 

    A maior parte dos judeus que ainda restavam estava cercada, mas levou meses e meses de perseguição pelas ruínas do gueto até que o levante foi finalmente eliminado.

 

    Apesar de o Levante do Gueto de Varsóvia não ter sido de fato muito bem sucedido, foi a primeira vez em toda a Europa ocupada pela Alemanha que houve alguma resistência organizada contra os nazistas. E isto serviu para incentivar a resistência em outros lugares, como já citado acima.