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Ba-Lemba: Os Judeus do Zimbábue por Ariel Scheib


Rusape está localizada no nordeste do Zimbábue, a cerca de 200km de Harare. A comunidade judaica da lá diz ter tanto ascendência judaica antiga e moderna. Os judeus de Rusape acreditam ser os descendentes de uma das 10 tribos perdidas. Acredita-se que eles sejam a descendência do povo Bantu, que veio do Norte da África.

    Há quase 2.500 anos atrás, após a destruição do Templo, um grupo de judeus deixou a Judéia e se assentou no Iêmen. Quando a situação econômica no Iêmen começou a ruir, os judeus saíram de lá, indo para a África; sendo que um grupo se estabeleceu na Etiópia e o outro na Tanzânia. Após vários anos, muitos judeus deixaram a Etiópia e foram mais para o sul, em direção ao que hoje é o Zimbábue. Eles ficarem conhecidos com os Ba-Lemba. Hoje, existe uma Associação Cultural Lemba tentando unir as diferentes comunidades Lemba na África do Sul, Moçambique, Etiópia e Zimbábue.

    Nos últimos poucos anos, extensa pesquisa têm sido feita nas comunidades Lemba. Estes testes comprovaram que muitos "judeus negros" do sexo masculino têm a mesma estrutura genética que os sacerdotes Cohen, provendo evidência da relação com os judeus desta antiga história de herança

    A comunidade judaica de Rusape pode traçar sua história até 1903, quando um diácono Batista Afro Americano chamado William Saunders Crowdy conheceu Albert Christian. Apesar de ser parte da Igreja, nos anos 1880s, Crowdy teve um sonho onde Deus o instruía a liderar os "judeus negros" de volta ao judaísmo. Crowdy passou seus ensinamentos judaicos para Christian; depois, este se assentou no sul da África, onde pregou sobre o judaísmo.

    Hoje, a Congregação Betel em Rusape consiste de aproximadamente 4.000 pessoas. Rabbi Ambrose "Cohen" Mukawaza lidera a comunidade nos serviços e nos estudos. Em 1938, a sinagoga Congregação Betel foi construída, cerca de 7km distante dos limites da cidade de Rusape. todo sábado, o prédio enche-se de mais de cem judeus particando judaísmo profético. Originado na Virgínia (estado dos EUA) há pouco mais de um século, a prática é associada com Congregações Beth El Afro Americanas. A crença principal é a de que, apesar de Jesus não ter sido o Messias, ele era um profeta, assim com William Crowdy, que transmitia a palavra de Deus. Essa congregação acredita que enquanto os ensinamentos de Jesus devem ser respeitados, ele era um membro ativo da comunidade judaica de Israel. Além das diferenças entre o Judaísmo Ocidental, a comunidade de Rusape observa todos os feriados judaicos e os serviços religiosos são conduzidos em hebraico.

    Um dos mais importantes feriados da congregação de Rusape é a Convocação do Jejum de Tevet. Esse feriado lembra a destruição do Templo e a migração dos judeus do Iêmen para a África. Por oito dias a comunidade permanece junta, com os serviços religiosos começando às quatro da manhã. Cada dia a congregação reza a Deus em uma posição diferente: desde de pé no primeiro dia até deitada no chão no oitavo.

    Costumes dos judeus do Zimbábue

    1-Crença em único Deus, que criou todas as coisas
    2-Um dia da semana é considerado santo. Neste dia os judeus de rusape dão graças e louvores a Deus
    3-Observância rígida do Shabat
    4-Adoção dos Dez Mandamentos
    5-Um bris é feito de acordo com a tradição local, aos 10 anos
    6-Quando reza, um coro junta palavras em Shona (o dialeto local), Hebraico e Inglês a músicas africanas, criando um serviço distinto. Mesmo assim, o serviço contém a maioria das rezas tradicionais encontradas nos sidurim ocidentais
    7-Eles não comem porco nem qualquer outro animal proibido pelo Velho Testamento; nem misturam carne com leite. Todos os animais são mortos por um açougueiro profissional kasher e sangrados completamente
    8-O calendário é lunar
    9-Estrelas de David são gravadas nos túmulos

    A comunidade judaica ortodoxa do Zimbábue não reconhece os judeus de Rusape como judeus. Apesar de terem boas intenções, de acordo com a comunidade ortodoxa eles não podem reivindicar serem judeus até estarem estabelecidos internacionalmente como judeus.