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A ALIÁ DA URSS / CEI


Desde 1990, mais de 1,5 milhões de judeus deixaram a CEI (Comunidade dos Estados Independentes, antiga URSS) com destino a Israel. Os antigos judeus soviéticos constituem hoje 10% da população israelense. Na maioria, esta aliá não foi motivada pelo sionismo; a maior parte dos assim chamados "refiusinicks" (pessoas às quais tinha sido recusado o direito de sair da URSS para vir a Israel) e dos ativistas sionistas chegaram a Israel entre 1968 e 1973, ou individualmente - após serem libertados das prisões soviéticas (1979 - 1986).

Histórico

    Entre a Guerra dos Seis Dias e a de Iom Kipur o número de olim soviéticos chegou a 100.000. Este quadro mudou dramaticamente após a Guerra de Iom Kipur: em 1974 Israel encontrou pela primeira vez o fenômeno das pessoas "passageiras". Cerca de 21.000 judeus obtiveram vistos de saída da URSS (para Israel), mas apenas 17.000 fizeram aliá. Os outros ficaram presos na estação de trânsito de Viena, tentando obter vistos para outras destinações no ocidente. Esta tendência se tornou mais marcante nos anos seguintes; na década de 80, o número dos que "se deixavam ficar" no meio do caminho para Israel ultrapassava às vezes o dos que faziam realmente aliá. Em 1987, 90% dos judeus que deixaram a URSS decidiram não vir para Israel, fato que gerou grandes controvérsias dentre o público israelense. Na verdade, por causa das, cada vez mais severas, restrições soviéticas à aliá, a partir do início da década de 80, houve uma mudança muito pequena nos números da aliá no início da "perestroika" (reconstrução), nos meados daquela década, até o começo da "liberalização" da economia e do regime no final da mesma.

Uma Nova Onda

    Assim, em 1990, quando já se pensava há muito tempo que a aliá da União Soviética pertencia ao passado, o quadro se transformou novamente, de forma totalmente inesperada.

    Na primavera (abril - maio) de 1990, os números mensais de olim soviéticos chegaram a 10.000 e lá pelo meio do ano cerca de 50.000 olim haviam chegado a Israel. Durante os seis meses seguintes chegaram mais 135.000; os aviões aterrissavam um após o outro, despejando centenas de olim. Num só fim-de-semana em dezembro desembarcaram no aeroporto 5.000 olim. Dentre os 200.000 imigrantes chegados naquele ano, 185.000 provinham da União Soviética.

O novo fluxo resultou de vários fatores:

  • a perestroika e a glasnost no tempo de Gorbachev;

  • a deterioração econômica da URSS;

  • conflitos étnicos e políticos nas repúblicas-satélites da URSS:

  • ameaças de anti-semitismo, tanto dissimuladas quanto às claras.

    Os judeus soviéticos deixaram a URSS em massa. Com as novas limitações à imigração aos EUA, os judeus se encaminharam a Israel.

Klitá - Absorção ou Integração

    A aliá de massa dos judeus da URSS, que passaria a se chamar mais tarde Comunidade dos Estados Independentes, não foi essencialmente um fenômeno novo. Contudo, com exceção do primeiro ano após a proclamação do estado, Israel jamais recebera uma onda tão grande de aliá em pouco tempo. Juntamente com o drama do êxodo dos Judeus do Silêncio, começaram a surgir problemas relativos à aliá, devido às grandes dimensões deste fluxo de pessoas: emprego, moradia, falta de conhecimento do hebraico - e, acima de tudo, a transição da sociedade de origem à sociedade israelense, altamente ocidentalizada.

    Na URSS, os judeus eram desproporcionalmente proeminentes nas ciências, profissões médicas, matemáticas, física e nas artes, muito acima de sua proporção dentro da população. A onda de aliá que chegou a partir de 1990 caracteriza-se por uma preponderância bastante significativa de adultos com educação superior. Este potencial de cientistas, médicos, profissionais liberais e especialistas em tecnologia, de contribuir ao Estado de Israel e à sociedade israelense, é sem dúvida muito importante. Por outro lado, há muitos profissionais cuja especialização é inadequada às demandas do mercado israelense, o que os obriga a uma reciclagem profissional. Isto se aplica a uma vasta gama de profissões, como professores, engenheiros de determinadas especializações (ferrovias, distribuição, reflorestamento, etc.), técnicos, cientistas e todos os setores das especializações médicas.

    Como era de se esperar, os jovens com educação superior encontraram suas oportunidades de emprego com mais facilidade do que os adultos sem qualificações profissionais. Além disso, a adaptação dos olim provenientes das regiões ocidentais ou européias da antiga União Soviética foi muito mais fácil do que a dos recém-chegados das repúblicas meridionais (Geórgia, Buchara, Cáucaso), se levarmos em conta sua participação na mão-de-obra, sua renda e a continuação no mesmo campo profissional.

    Em resumo, o sionismo e a aliá da Rússia foram a fonte do moderno sionismo na penúltima década do século XIX, sob o regime czarista. Ele reemergiu após a Guerra dos Seis Dias, e os anos 70 deste século testemunharam a atividade dos judeus "refiusinicks". Embora a aliá dos anos 90 não seja precisamente motivada pelo sionismo, ela deixará indubitavelmente sua marca indelével na sociedade israelense, como todos os outros grupos de olim