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Abraham Joshua Heschel


Formação
    
Nasceu em 1907, na Polônia, frequentou uma Yeshivá e uma academia alemã de altos estudos judaicos, além de ser Doutor em Filosofia pela Universidade de Berlim. Na década de 40, assim como tantos outros judeus, fugiu da perseguição nazista imigrando para os Estados. Sua mãe e irmãs foram vítimas dos campos de Auschwitz e Treblinka, o que fez com que Abraham não retornasse mais à Polônia ou à Alemanha. Em seu novo país lecionou Ética Judaica e Misticismo por mais de 25 anos no Jewish Theological Seminary of America. 

Luta a favor dos Direitos Civis dos afro-americanos
    É famoso por, nos anos 60, ter lutado junto a Martin Luther King em busca dos direitos civis dos negros americanos. Heschel e King utilizavam-se do Êxodus para expor o problema do racismo nos Estados Unidos, como fizeram em uma conferência em 1963, dizendo que as crianças de Israel tiveram mais facilidade para atravessar o Mar Vermelho do que os negros estariam tendo para cruzarem as portas de algumas universidades.

    Foi convidado pelo presidente John F. Kennedy para um encontro na Casa Branca, onde pediu um maior engajamento das lideranças nas questões relacionadas aos Direitos Civis.

    Em 1965 caminhou junto com King na famosa marcha realizada no estado do Alabama, percorrendo 71 quilometros em cinco dias, junto a mais 25 mil pessoas, para defender o direito de voto da população afro-americana. Afirmou que “o contrário do bem não é o mal, e sim a indiferença”.

Vietnã
    
Fundou um movimento antibelicista, o CALCAV,  que uniu religiosos e leigos que eram contra a Guerra do Vietnã. Com o apoio de outros líderes religiosos, discursaram em universidades, igrejas e sinagogas, pedindo o fim do conflito. Segundo sua filha, “a guerra o afligia cruelmente”. Martin Luther King imediatamente se solidariza com a mobilização,  assumindo publicamente o seu apoio.

Vaticano
    A pedido do American Jewish Commitee, Abraham Hescel escreve um texto relacionando os tópicos anti-judaicos na liturgia católica, indo a Roma para se encontrar com o cardeal supervisor dos textos, na busca do fim do preconceito religioso. Participa de vários encontros com o Papa Paulo VI, para ajudar a moldar o curso das novas relações entre a Igreja Católica e o mundo Judaico.  Em uma correspondência, Heschel chega a dizer que prefere Auschwitz à conversão. Em 1971, em um novo encontro com o Papa, ouve uma declaração do cardeal, que contou que lera todos os livros de Avraham, e que os recomendava para os católicos, por serem espirituais e belos.

A origem da preocupação com os injustiçados
    Heschel começou a se identificar com as causas relacionadas à injustiça social a partir do estudo da vida dos profetas bíblicos de Israel. Essa preocupação, de certa maneira, o levou a morte, uma vez que na véspera da ocorrência dela, em meio a frio e neve, ficou em pé por horas, em frente a uma prisão, aguardando a libertação de um companheiro ativista..