Biografias

MOSES HESS (1812-1875 E.C.)




"Depois de um alhemento de vinte anos, estou, novamente, com meu povo. Eu voltei a ser um deles.
Moses Hess, Roma e Jerusalém - Primeira Carta

    Nascido Moritz Hess, em Bonn, em 1812, permaneceu em sua cidade natal para ser educado por seu avô ortodoxo, já que seu pai havia se mudado para Colônia por razões de negócios.

    Aos quatorze anos, juntou-se ao pai nos negócios em Colônia. Estudou filosofia na Universidade de Bonn, entre 1837 e 1839, mas não se formou.

    Hess ajudou a fundar o primeiro jornal socialista diário em Colônia e, depois, tornou-se correspondente deste jornal em Paris e, mais tarde na Bélgica, onde participou das atividades comunistas. Voltou a Paris, mas teve que se refugiar na Suíça, voltando, logo depois, para a Bélgica e, finalmente, para Paris, em 1853, onde viveu, indo e vindo, até sua morte.

    Depois da morte de seu pai, em 1851, ganhou uma herança que lhe permitiu viver um estilo de vida independente, incluindo o casamento com sua pobre companheira cristã, Sybille Pesch, em desafio aos valores burgueses. Morou na Alemanha de 1861 a 1863, onde publicou seu trabalho mais importante: Roma e Jerusalém, que continha uma teoria sionista clássica.

    Hess tinha atitudes mutantes em relação ao povo judeu, por volta dos seus vinte anos, considerava-se completamente alemão e acreditava que os judeus deveriam se assimilar. Mais tarde, em reação a alguns eventos, expressava compaixão por seus companheiros. No entanto, quando viveu na Alemanha, conheceu o crescente anti-semitismo do país e, em protesto, mudou seu nome de Moritz para Moses.

    No livro Roma e Jerusalém, defendia que os judeus deveriam preservar sua identidade nacional e que a melhor maneira de fazê-lo era através da religião, que deveria ser deixada intocada até o estabelecimento de uma entidade judaica na Palestina, onde um Sinédrio poderia ser eleito para modificar as leis de acordo com as necessidades do povo judeu.

    O futuro estado judeu, escreveu, deveria ser baseado na aquisição de terra nacional, criação de condições legais para encorajar o trabalho e na fundação de sociedades judaicas para a agricultura, indústria e comércio. Os trabalhos de Moses Hess foram publicados antes dos de Herzl e ficaram esquecidos por algum tempo, mas foram recuperados com o nascimento do movimento sionista.

    Quando volta a Paris, contribui para muitas publicações, tanto judias como não-judias e torna-se correspondente de vários jornais socialistas na Alemanha e nos EUA. Com o início da Guerra Franco-Prussiana, Moses Hess, nascido na Prússia, é expulso de Paris, indo para a Bélgica e retornando, mais tarde, para a capital francesa, onde morre, em 1875.

    Originalmente um socialista utópico, converteu-se ao socialismo científico sem ser, no entanto, um marxista. Ainda assim, foi amigo e colaborador¹ de Marx e Engels, convertendo este ao comunismo e introduzindo aquele a problemas sociais da época. Foi um dos primeiros a reconhecer a grandeza de Marx, apesar de ter sido criticado por ele no Manifesto Comunista.

    No início de sua vida, publicou dois livros. No primeiro, expressava uma volta à religião através do panteísmo de Spinoza, mas abandonou esta religiosidade novamente. Em seu segundo livro, defendia que as três potências européias (Inglaterra, França e Alemanha) deveriam se unir e formar um único estado europeu. Hess acreditava que o trabalho livre deveria substituir a exploração.

    Hess também foi responsável por transformar a teoria dialética idealista da história, de Hegel, no materialismo dialético, assumido por Marx, através da concepção de que o homem era o iniciador da história e não mero observador. Enquanto Marx via a luta de classes como o motor da história, Hess via a luta de nacionalidades, ou raças, como o primeiro fator da história.

    Em 1961, seus restos foram transportados para o kibutz Kineret, em Israel.


    1 A criação da frase "a religião é o ópio do povo" é atribuída a Moses Hess.