Biografias

AARON DAVID GORDON


 

   Aaron David Gordon é um dos teóricos e ativistas sionistas de maior destaque. Nascido na Rússia, em meados do século XIX, vinha de uma família importante dentro da comunidade judaica, e devido a isso recebeu uma educação judaica tradicional. Aos 17 anos, optou por expandir seus horizontes, através de um ensino laico que lhe permitisse conhecer outras ideologias e idiomas.

    Aos 48 anos de idade, (1904) abandonou a propriedade na Rússia que administrava e juntou-se aos chalutzim (pioneiros) da Segunda Aliá, imigrando para a Palestina. Trabalhou então como agricultor em Petach Tikvá, Rishon LeTzion e em algumas colônias do Galil. Em seus últimos anos, viveu no Kibutz Degania.

    Seus escritos exerceram grande influência sobre o movimento trabalhista judeu, sendo ele teórico, ideólogo, precursor, líder e modelo dentro deste movimento. Pôde compartilhar de forma igual com os operários e camponeses todo o sofrimento pelo qual eles passaram, e compreender a sua mentalidade, além de comprovar sua teoria.

    O Movimento Juvenil Gordonia, criado em 1923, levava o seu nome e a sua ideologia. Após diversas fusões entre movimentos juvenis, acabou transformando-se em Habonim Dror.

Teoria

    Gordon pregava maior dedicação ao trabalho rural, muito importante em Eretz Israel como uma maneira de constituir um povo identificado com a terra e de acordo com sua cultura e trabalho. A moda romântica do fim do século XX europeu preparou o ambiente, com a natureza como pano de fundo, e incentivou seu repúdio a cultura urbana.

    A imigração de Gordon para a Palestina não significou somente trocar a Diáspora por Tzión, se não também negar a decadente sociedade européia. Diferente de outros, seu protesto não se reduz a uma moda literária ou a desesperada tentativa de recriar o mundo de inocência em qualquer lugar, mas de constituir a base de um programa prático de reforma social radical, sendo ele mesmo o primeiro praticante de tal ideologia.

    Gordon pensava em cultura em um sentido amplo, abrangendo a totalidade da vida. O cultivo da terra, as ações e as construções seriam o material da cultura, e destes viriam os elementos da macro-cultura.

    Ele não propunha apenas uma modificação no espírito da sociedade e na ordem social, mas também propunha a construção de uma ordem social ligada às fontes de vida judaica (a natureza dos solos dos judeus, a terra de Israel).

    Assim, Gordon desenvolveu seu Sionismo Operário; não por compartilhar os ideais de luta de classes, ou a visão de uma redenção socialista universal, mas porque para ele o Sionismo Operário constituía um intento de criar uma infraestrutura econômica para os judeus na Palestina, baseada no trabalho dos judeus, que era na sua opinião sine qua non para o renascimento do povo judeu.

    “[…] Um povo que esteve completamente divorciado da natureza, que durante dois mil anos viveu aprisionado entre muralhas, que habituou-se a todas as formas de vida menos a uma vida de trabalho não pode converter-se novamente em um povo vital, natural, e trabalhador, sem inclinar toda a força de vontade para este fim. Necessitamos de um elemento fundamental: o trabalho (não o trabalho fruto da necessidade, se não o qual o homem está orgânica e naturalmente ligado), o trabalho por meio do qual um povo se fixa em seu solo e em sua cultura.”

    Criar em Eretz Israel uma força despertadora e renovadora do povo judeu seria possível através dos pioneiros que realizariam o trabalho construtivo. Aaron David Gordon considerava que Israel seria um exemplo de país, e mudaria o rumo da Humanidade.