Biografias
ACHAD HA'AM (Um do Povo)
Nascido em Skvira, perto de Kiev, na Ucrânia, Asher Ginzberg virou uma figura central no movimento Sionista, desenvolvendo a corrente conhecida como Sionismo Cultural ou Espiritual. Embora tenha crescido em uma família chassídica, Ahad Ha'am foi cedo exposto a estudos secular
O impacto da filosofia moderna e das ciências fizeram-no abandonar sua fé e observância religiosa. Porém seguiu ligado ao Povo Judeu, tentando encontrar uma síntese entre o Judaísmo e a filosofia européia.
Ele entrou para o movimento Chovevei Tzion, mas logo virou um severo crítico das atividades de assentamento, preferindo ao invés disso trabalhar a cultura como forma de regeneração judaica. Ele estabeleceu o grupo elitista Bnei Moshe, (Filhos de Moisés) uma espécie de sociedade secreta na qual ele propôs que se devesse transformar o Chovevei Tzion em um movimento pelo renascimento cultural e do idioma hebreu.
Ele visitou Eretz-Israel em 1891 e 1892, convencido de que o Movimento Sionista enfrentaria um grande levante na tentativa de criar o Lar Nacional Judeu. Em particular ele enunciou as dificuldades relativas a compra de terras e cultivo, problemas com as autoridades turcas e o conflito pendente com os árabes. Ele criticou Herzl por sua proposta quase messiânica e pela desilusão que seu insucesso causaria.
Ahad Ha'am acreditava que a criação em Eretz Israel de um centro cultural judeu atuaria para reforças a vida na Diáspora. Sua esperança era que esse centro representasse uma nova identidade nacional judaica, baseada na ética judaica e em valores que resolvessem a crise do Judaísmo.
Ele influenciou uma geração de jovens sionistas, entre os quais Chaim Weizmann, participando da conquista da Declaração Balfour. Em 1922, ele mudou-se para Eretz Israel, onde passou seus últimos cinco anos de vida, vivendo em Tel Aviv.
PENSAMENTO
Seu pensamento, que levou a formulação do nacionalismo cultural judaico, é uma busca constante de um elo entre o novo e o velho: uma síntese entre a herança judaica tradicional e as influências culturais absorvidas pelos pensadores europeus contemporâneos. Isto determinou sua visão secular, baseada nas ciências naturais e sociais e influenciada pelo positivismo, utilitarismo e social-darwinismo, em voga na época.
A ética de Achad Ha'am era de natureza social, buscando o ideal do aprimoramento humano, da justiça e do conhecimento.
Criou o conceito de "Espírito Nacional Judaico". Para ele, todas as nações teriam um "espírito" próprio; e o espírito nacional peculiar aos judeus seria baseado no ideal pregado pelos profetas bíblicos, que consiste na busca da justiça e não do poder. Este ideal é o que teria permitido a sobrevivência do povo judeu durante os séculos.
Achad Ha'am exigia uma conduta realista dos judeus já emigrados para a Palestina e do Movimento Sionista frente à população árabe, argumentando que havia uma massiva população já vivendo lá e que vi a possibilidade de um despertar de um movimento nacional árabe-palestino. Escreveu também que os judeus encontravam-se em uma liberdade anárquica e sem limites, e esqueciam-se de toda hostilidade que haviam sofrido em seus países de origem, tendo de tratar os árabes com amor e respeito, sensatez e justiça.
Participou do Primeiro Congresso Sionista, em 1897, e imediatamente depois escreveu um artigo intitulado "O Estado Judeu e o Problema Judeu". Neste, dividiu o problema judaico em dois: o da Europa Oriental e da Europa Ocidental. Para ele, o sionismo resolveria o problema dos judeus da Europa Ocidental, pois traria a solução de identidade para os judeus que já estão separados da cultura judaica e alienados na sociedade em que vivem. Já aos orientais, não traria solução alguma, pois esses não se questionavam frente a existência identitária.
Achad Ha'am, contrariando a idéia de Herzl de que o Estado seria o terreno fértil para a difusão e criação da cultura do povo judeu, disse que:
"O Judaísmo não precisa de um Estado independente, mas apenas a criação em sua terra nativa de condições favoráveis aos seu desenvolvimento: Um assentamento judeu de um bom tamanho, abrangendo todos os ramos da cultura, da agricultura e do artesanato, da ciência e literatura. Esse assentamento judeu, que terá crescimento gradual, tornará-se com o passar do tempo o centro da nação, onde seu espírito encontrará sua pura expressão e desenvolverá-se em todos os aspectos até o mais alto grau de perfeito que for capaz. Então desse centro o espírito do judaísmo irá para uma circunferência maior, e todas as comunidades da diáspora, respirará por nova vida dentro delas e preservará sua unidade; e quando nossa cultura nacional na Palestina atingir este nível, estaremos confiantes de que produzirá homens no país que estarão aptos, no momento oportuno, a estabelecer o Estado, o qual será o Estado Judeu, e não meramente um Estado de Judeus".