Biografias

MOSES MENDELSSOHN (1729-1786)



    Moses Mendelssohn foi o primeiro judeu a trazer a cultura secular para aqueles que viviam uma vida ortodoxa. Pensando racionalmente, acreditava que qualquer pessoa poderia chegar logicamente às verdades religiosas. Argumentava que o que tornava o Judaísmo único era a revelação divina de um Código de Leis. Tendo escrito várias idéias de ordem filosófica, é considerado o pai do Iluminismo Judaico, a Haskalá.

    Nasceu em Dessau, Alemanha, em 6 de Setembro de 1729. Quando criança, sofreu uma doença que lhe deixou com uma grave curvatura na coluna. Filho de um escriba da Torá, tinha uma família pobre, mas instruída. Começou a ter uma tradicional educação judaica com o rabino de Dessau, que levou Mendelssohn com ele quando foi transferido para Berlin. Dessa forma, Moses Mendelssohn ingressou, aos catorze anos, em uma yeshiva. Lá, tornou-se um promissor estudioso do Talmud e trabalhou por vezes como tutor, recebendo, inclusive, refeições de graça de vizinhos.

    Em Berlin, também se tornou um estudioso de outros assuntos que não os judaicos: estudou diversas línguas, como o grego, o latim, o francês, italiano e inglês e diversas ciências, como a matemática, a filosofia e, dentro desta, a lógica. Depois de manter contato com o gênio da filosofia Immanuel Kant e de ser encorajado por Gotthold Lessing, um defensor do Iluminismo na Alemanha, Mendelssohn começa a publicar sua obra.

    Em 1750, trabalhando como professor na casa de Isaac Bernhard, recebeu de Frederico, o Grande, o título de “judeu sob extraordinária proteção”. Em 1763, recebeu da Academia de Ciências da Prússia (região que hoje faz parte da Alemanha) um prêmio por seu tratado “Provas nas Ciências Metafísicas”. Enquanto escrevia suas idéias, trabalhava como comerciante. Em 1779, Mendelssohn escreveu uma peça de teatro: Nathan, o Sábio, na qual um herói judeu (baseado no próprio Mendelssohn) é o porta-voz da irmandade e do amor no mundo.

    A filosofia de Mendelssohn foi moldada a partir da obra de dois grandes pensadores: o iluminista Christian Wolff e o racionalista Leibnitz. Escreveu diversos trabalhos filosóficos, incluindo alguns sobre a teoria da arte; entretanto, tornou-se realmente conhecido e reconhecido com seus trabalhos concernentes ao Judaísmo. Sua concepção de D’us via Este como um Ser perfeito, crendo em sua sabedoria, correção, piedade e bondade. Argumentava que “o mundo era resultado de um ato criativo através do qual a divindade buscaria realizar o bem maior”. Ele acreditava na existência de milagres e revelações contanto que a crença em D’us disso não dependesse. Acreditava na revelação, desde que não contradissesse a razão. Da mesma forma, escreveu que a razão poderia descobrir a realidade de D’us e da imortalidade da alma.

    No auge de sua carreira, em 1769, foi desafiado por um pastor cristão a defender a superioridade do Judaísmo frente ao Cristianismo, no que passou a se envolver e a empregar boa parte de seu tempo. Em 1783, escreveu que nenhuma religião deveria usar a coerção, enfatizando que o Judaísmo não usava a coerção da mente como dogma. Postulava que os judeus deveriam viver inseridos na sociedade civil, mas apenas de uma forma que seu direito de observância das leis judaicas seja garantido.

    Mendelssohn queria tirar os judeus do estilo de vida do gueto e levá-los à vida numa sociedade secular. Traduziu a Bíblia para o alemão, embora ela fosse escrita com letras do alfabeto hebraico. Fez campanha pela emancipação e sugeriu que judeus formasse alianças com governos gentis. Tentou, também, melhorar as relações entre judeus e cristãos, falando sempre em tolerância e humanidade. Por tudo isso, Moses Mendelssohn tornou-se o principal símbolo da Haskalá.