Biografias

SIGMUND FREUD (1856-1939)


 


“Não sou realmente um homem da ciência, não sou um observador, não sou um experimentador, não sou um pensador. Nada sou senão um conquistador por temperamento – um aventureiro, se quiser traduzir a palavra – com a curiosidade, a rudeza e a tenacidade que compõem essa espécie de ser”

            Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856, na Áustria. Neto do rabino Shlomo (o qual não conheceu), recebeu o nome judaico deste. Teve nove irmãos. Mesmo sendo neto de rabino, Freud cresceu sem qualquer crença em D’us ou na imortalidade, mas se disse influenciado pela leitura da Bíblia em seus escritos. A importância que deu às leituras tinha muito mais um sentido ético e histórico. Sobre isso, disse: “A minha prematura familiaridade com a Bíblia teve, como muito mais tarde reconheci, um efeito duradouro sobre a direção de meus interesses”.

            A escolha da profissão dividiu-se entre Direito, pelo interesse do trabalho social, e Medicina, atraído pelas teorias do evolucionista Charles Darwin. Segundo seu biógrafo Ernest Jones, a inquieta procura do sentido da humanidade e das relações humanas surgiu primeiramente em conexão com os problemas emergentes do início de sua vida em família, que geraram angústia e influenciaram a teoria de que os primeiros anos de vida são decisivos para a formação do caráter e da personalidade.

            Em 1887 Freud conheceu Wilhelm Fliess, renomado otorrinolaringologista, considerado o único amigo íntimo de Freud, com quem este trocou vasta correspondência. Através da análise de seu próprio sonho, Freud descobriu que o sonho é uma realização de desejo e seu mote, um desejo.

            Em 1896, a palavra Psicanálise (ciência da qual Freud é considerado o “pai”, o criador) aparece pela primeira vez, num artigo intitulado “A Hereditariedade e a Etiologia das Neuroses”. Nessa época, Freud tem conhecimento de “O Estado Judeu”, de Theodor Herzl.

            Em 1898, Freud inicia um intenso trabalho sobre a interpretação dos sonhos, concluído e publicado somente em 1900. Em 1902, Freud funda a Sociedade das Quartas-feiras, embrião da futura Associação Psicanalítica Internacional (International Psychoanalytical Association – IPA). Em 1908, ocorre o Primeiro Congresso Internacional de Psicanálise.

            Em 1920, morre sua filha Sophie, aos 26 anos e, três anos depois, morre o filho de Sophie, Heinz. Para Freud, a morte desse neto representou o fim de sua vida afetiva. Nessa época, tem a notícia de que sofre de câncer no maxilar, que seria a causa de sua morte muitos anos depois.

            Em 1927, publica um artigo marcado pelo ataque psicanalítico à religião: “O Futuro de uma Ilusão”. Nos anos 30, escreve artigos sobre o sexo feminino e diz: “Se queres saber mais sobre a feminilidade, podes consultar a própria experiência de vida ou perguntar aos poetas, ou esperar que a ciência possa procurar os informes mais profundos e coerentes”.

            Em 1914, após passar horas na frente da escultura de Moisés, de Michelangelo, Freud começa a escrever um polêmico artigo sobre a Religião Monoteísta e as semelhanças entre egípcios e judeus, sugerindo a possibilidade de Moisés ser egípcio. Dada sua controvérsia, Freud publicou o artigo apenas em 1939, sob o título “Moisés e o Monoteísmo”. Curiosamente, na parede da entrada de suas casas em Viena e em Londres, que depois de sua morte tornaram-se museus, está fixada a mesma foto de Moisés erguendo as Tábuas da Lei

            Em 1938, depois de ver a invasão da Áustria pela Alemanha nazista e de ver sua filha Anna ser presa temporariamente pela Gestapo (polícia nazista), Freud decide, contrariado, deixar o país, uma vez que lá teve que deixar muitos familiares e muito de sua história. Consegue a deportação graças a Marie Bonaparte, sobrinha de Napoleão que foi sua paciente e discípula. Da Áustria, foi para a Inglaterra, onde morreu em 23 de Setembro de 1939, aos 83 anos, em Maresfield Garden.