Material Chidon Gadol

YITZHAK RABIN

(1922-1995)

"Fui homem de armas durante 27 anos. Enquanto não havia chance para a paz, aconteceram múltiplas guerras. Hoje, estou convencido da oportunidade que temos de realizar a paz, grande oportunidade. A paz leva intrínsecas dores e dificuldades para poder ser alcançada. Mas não há caminho, sem estas dores."

 

 

Yitzhak Rabin foi o primeiro governante sabra de Israel.

Sua história pessoal não é senão a própria história de Israel.

 

 

 

 

JUVENTUDE

 

            Yitzhak Rabin nasceu em Jerusalém, em março de 1922. Seu pai, Nehemiah, tinha imigrado para Israel dos Estados Unidos, e, na 1a Guerra Mundial, serviu como voluntário na Legião Judaica. Sua mãe, Rosa, foi uma das primeiras participantes da Haganá, a principal organização de defesa judaica na época.

Quando Yitzhak Rabin tinha um ano de idade, sua família mudou-se para Tel Aviv. Sua irmã Raquel nasceu em 1925. Rosa morreu quando ele tinha 15 anos de idade.

Yitzhak freqüentou a Escola para Crianças trabalhadoras em Tel Aviv por 8 anos. Essa escola foi criada em 1924 pela Histadrut (sindicato dos trabalhadores). O colégio tinha os objetivos de despertar nas crianças um amor pelo país e de criar uma geração para trabalhar a terra. Depois de concluir esses estudos, ele passou 2 anos na escola intermediária regional do Kibbutz Givat Hashloshá.  Formou-se com louvor pela Escola de Agricultura de Kadoorie.

o casal durante sua juventude

Sua carreira militar começou em 1940, quando entrou para o Palmach, na Haganá, a força de combate de elite. Durante a Guerra de Independência (1948-49), ele comandou a brigada Harel, que abriu a estrada de apoio a Jerusalém.

Yitzhak conheceu Léa, sua esposa, quando ela estudava na Universidade e ele era oficial do Palmach. Casaram-se durante a Guerra de Independência, em 1948. Certa vez, sua esposa descreveu esse encontro, perto de uma sorveteria em Tel Aviv, como amor à primeira vista. Com Léa, teve dois filhos: Dalia e Yuval.

Mais tarde, foi oficial de operações do Palmach, membro da delegação para as conversações de cessar fogo em Rhodess e Comandante de Operação (C.O.) na Brigada do Neguev. Em 1956-59, como oficial da força de defesa, serviu como C.O. do comando do Norte. Entre 1964-68 é Ramatkal (Chefe do Estado Maior) do exército. Ele serviu no Palmach e no Exército Isralense por 27 anos, fechando sua carreira militar como Chefe do Departamento.

 

GUERRA INDEPENDÊNCIA E O NAVIO ALTALENA

 

      Na Guerra de Independência, iniciada em 1948, o jovem oficial foi enviado à frente de Jerusalém, um dos principais centros de enfrentamento entre árabes e judeus. Sua responsabilidade era de grande peso, pois deveria defender a cidade e os caminhos que a ela conduziam, pontos estratégicos para a defesa de Israel.

      Quando a ONU negociou o primeiro cessar das hostilidades entre Israel e os poderes árabes, em junho, ambas as partes se comprometeram a não se rearmarem durante o período de trégua de quatro semanas.  O Irgun, grupo armado judeu separado da Haganá, no entanto, achava que não podia se perder tempo, e encomendou um barco com carregamento de armas da Checoslováquia no cargueiro Altalena, anunciando sua intenção de desafiar a proibição do governo e desembarcar as armas clandestinamente quando chegasse a embarcação.

      Quando o Altalena chegou e, em desobediência às claras ordens do governo, as armas começaram a ser contrabandeadas para a costa, Yitzhak Rabin, seguindo ordens do chefe do governo israelense, distribuiu entre os soldados do Exército granadas e comandou o grupo que explodiu o navio, matando mais de 100 judeus e impedindo que as armas fossem trazidas à terra.

      Ao ser assinado o cessar-fogo, em 1949, Rabin não deixou seu uniforme do exército; a indispensável segurança do Estado necessitava sua permanência.
     

 

GUERRA DOS SEIS DIAS

 

Em 1967 o General Rabin foi Comandante e Chefe das forças terrestres, aéreas e navais, que lutaram e venceram a Guerra dos Seis Dias.

      Quando, em 1967, Egito, Síria e Jordânia passaram a acumular tropas nas fronteiras com Israel, Rabin dá o sinal verde para Israel iniciar o combate. Em três dias, após árduos combates, o Exército jordaniano cede, e Israel conquista Jerusalém. No dia seguinte, o Egito se rende. O último combate dá-se contra os sírios.  Israel termina a guerra com o triplo de território que tinha ao inicio, devido a suas conquistas.

            Na foto ao lado, Rabin, Moshe Dayan e Uzi Narkis no Portão dos Leões, após a conquista da cidade velha de Jerusalém.

 

 

EMBAIXADOR DE ISRAEL NOS E.U.A.

 

Rabin sai do Exército de Defesa de Israel no início de 1968, depois de 27 anos de serviço. Ele é indicado a ocupar o cargo de Embaixador de Israel nos E.U.A., no qual  permanece por 5 anos. É a época da  Guerra Fria e Rabin considerava a relação com os E.U.A. de extrema importância para equilibrar com o forte apoio da União Soviética aos países árabes. Suas duas principais preocupações que o ocuparam durante esse tempo foram fortificar os laços entre Israel e os E.U.A. e começar um processo de paz com os países árabes.

Nessa época, a ajuda americana aumentou muito, e Washington  tornou-se o  maior fornecedor de armas e equipamentos militares para Israel. Diplomaticamente, Washington via Israel como o seu mais importante e confiável aliado no Oriente Médio.

 

 

ROSH HAMEMSHALÁ (PRIMEIRO MINISTRO) 74-77

 

Na primavera de 1973, Rabin retornou a Israel e se tornou ativo no Avodá (Partido Trabalhista), sendo eleito membro do Knesset, o Parlamento, em dezembro de 1973 e indicado para Ministro do Trabalho em abril de 1974.

Em junho de 1974, após a renúncia da chefe de governo (Golda Meir) e após a Guerra de Yom Kipur, Yitzhak Rabin foi eleito "chairman" do Avodá e Primeiro-Ministro.

 Como Primeiro-Ministro, Rabin deu ênfase especial na  melhora da economia, resolvendo problemas sociais e fortificando o Exército.

Durante sua gestão, acordos de separação de forças foram assinados com o Egito e a Síria (1974), seguidos por um acordo com o Egito em 1975.  O acordo com o Egito foi o ponto de partida para o processo de paz no Oriente Médio e  também o  que levou, mais tarde, aos acordos de Camp David.  Enquanto procurava paz com os Estados Árabes, Rabin continuou a investir numa política de pulso firme contra a Organização de Libertação da Palestina (OLP). Nessa época, a OLP agia como uma organização terrorista internacional que não hesitava em atacar civis.

Também em 1975 foi assinado o primeiro memorando de entendimento entre Israel e os E.U.A.

 Em julho de 1976, o governo de Rabin deu a ordem para a delicada "Operação Yonathan", libertando 105 israelenses passageiros da Air France, seqüestrados por terroristas em Uganda.

No dia 27 de junho de 1976 o vôo 139 da Air France que fazia a rota Tel-Aviv-Paris, é seqüestrado por um casal alemão e dois palestinos, depois de fazer uma escala na Grécia. O avião tem sua rota desviada para Entebbe, em Uganda. Yitzhak Rabin, quando soube do seqüestro, tomou as medidas necessárias para o resgate dos reféns. Somente os passageiros judeus foram tomados como reféns; os outros foram liberados. Os terroristas queriam a libertação de dezenas de prisioneiros palestinos presos em Israel em troca dos reféns.

            O Tzahal (Exército de Defesa de Israel) teve pouco tempo para realizar um ensaio. Partiu para Uganda, aterrissou na pista durante a noite, eliminou os terroristas e trouxe de volta os reféns, numa ação que impressionou o mundo. Entre os militares estava Yonathan Netanyahu (irmão do ex-primeiro-ministro de Israel Binyamin Netanyahu), que morreu na operação. Posteriormente esta operação passou a se chamar Operação Yonathan em sua homenagem.

Dois anos depois, Rabin foi obrigado a renunciar em razão da polêmica que se desprendeu em torno de uma conta bancária estrangeira que poderia estar favorecendo sua esposa.

Shimon Peres foi candidato do Avodá para Primeiro-Ministro nas eleições de 17 de Maio de 1977. Essas eleições trouxeram uma “virada” histórica. O partido dos trabalhadores, que liderou o Estado desde o início foi substituído por um novo líder do Likud: Menachem Begin. 

            De 1977 a 1984, Rabin exerceu mandatos como deputado do Parlamento. Durante esse período, ele se dedicou à família e à redação de artigos sobre atualidade, política e estratégia.

 

 

MINISTRO DA DEFESA

 

Durante seis anos (1984-1990) foi Ministro da Defesa em dois governos (na foto ao lado, desempenhado seu cargo ao lado do então Primeiro Ministro Itzhak Shamir).  Em janeiro de 1985,  elaborou o plano de retirada do Tzahal do Líbano e de estabelecimento de uma zona de segurança na fronteira entre os países, garantindo  paz para os assentamentos do norte de Israel. Rabin guiou também a resposta inicial do país à primeira intifada.

            Em Maio de 1989, o governo de Israel adotou um plano para um acordo gradual com os palestinos que serviu de base para os recentes esforços em relação à paz.

De março de 1990 a junho de 1992, Rabin esteve, novamente, como membro do parlamento na oposição.

 

 

ROSH HAMEMSHALÁ (PRIMEIRO MINISTRO) 92-95

 

Yitzhak Rabin foi eleito representante do Avodá em fevereiro de 1992, liderando o partido na vitória no Knesset nas eleições deste mesmo ano. Em julho de 1992 tornou-se Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa.

Em setembro de 1993, em Washington, após meses de intensivos contatos entre negociadores de Israel e da OLP, foi formulada uma Declaração de Princípios, onde foram delineados os arranjos para o autogoverno dos palestinos na Margem Ocidental (Cisjordânia) e na Faixa de Gaza.  Sua assinatura foi precedida por uma troca de cartas entre o líder da OLP, Yasser Arafat, e o primeiro-ministro Yitzhak Rabin, nas quais a OLP renunciava ao uso do terrorismo, comprometia-se a invalidar os artigos de sua Carta que negam o direito de Israel à existência, e se comprometia a solucionar de forma pacífica o conflito territorial de tantas décadas entre palestinos e judeus. Por sua parte, Israel reconhecia a OLP como representante do povo palestino.

 

Rabin foi apoiado por parte da população e chamado de traidor por outra parte desta. Rabin havia tomado conhecimento das negociações quando elas já estavam numa fase adiantada. Por isso, reconheceu: "Esta assinatura não é fácil para mim. Nem para mim mesmo como soldado de Israel, nem para o povo israelense ou o povo judeu na Diáspora, que agora nos observam num misto de esperança e descrença."

 

Em outubro de 1994, é assinado o tratado de paz entre Israel e a Jordânia, na fronteira Ácaba-Eilat . Foi precedido de um encontro entre o Rei Hussein e o Primeiro-Ministro Yitzhak Rabin, em Washington, três meses antes, ocasião em que os dois líderes proclamaram o fim do estado de guerra entre seus países.

No tratado, ambos os países se comprometem a se abster de atos de beligerância, garantir que nenhuma ameaça de violência para com o outro se origine de seu território, se esforçar para evitar o terrorismo e alcançar em conjunto segurança e cooperação no Oriente Médio, substituindo os preparativos militares por medidas construtivas. O tratado prevê ainda a partilha dos recursos d´água existentes, livre passagem de cidadãos de ambos os países, esforços por aliviar o problema dos refugiados e cooperação no desenvolvimento do vale do Jordão. A fronteira internacional delineada no tratado de paz substitui as linhas de cessar-fogo de 1949 e foi delimitada com referência à fronteira do Mandato Britânico (1922-48). Após a ratificação do tratado de paz, estabeleceram-se plenas relações diplomáticas entre os dois países e, desde então, o relacionamento entre Israel e a Jordânia vem progredindo constantemente.

Em dezembro de 1994 Yitzhak Rabin, Shimon Peres e Yasser Arafat receberam o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços pela paz no Oriente Médio.

Em setembro de 1995, Rabin assinou o acordo de entendimento Israelense-Palestino, expandindo a autonomia palestina na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, inclusive permitindo uma autoridade eleita e um Conselho Palestino.

 

O ASSASSINATO

 

Na noite de sábado, 4 de Novembro de 1995, três tiros disparados pelo assassino Yigal Amir decretaram o fim da vida de Yitzchak Rabin. Rabin foi assassinado imediatamente após um ato pela paz, em Tel Aviv, onde centenas de milhares demonstravam seu apoio ao processo de paz, e seu amor e afeição por Rabin e Peres como seus líderes. Rabin foi levado ao Hospital Ichilov, onde morreu uma hora depois na mesa de operação.

A nação inteira ficou chocada, e foi declarado luto nacional. Mais de um milhão de pessoas passaram pelo caixão que ficou exposto nos jardins da Knesset, para prestarem uma última homenagem ao Primeiro Ministro. Depois da shiv’á (período de luto), a praça recebeu o nome de 'Kikar Rabin'.

O funeral de Rabin foi assisitido por líderes mundiais de 80 países.

O Presidente norte-americano Bill Clinton também emocionou corações ao terminar sua eulogia com as palavras hebraicas de amizade: 'Shalom Chaver' ('Adeus Amigo'). Estas palavras foram rapidamente adotadas como expressão de homenagem por toda a nação.

O assassinato brutalmente expôs as dolorosas divisões dentro de Israel. Líderes de partidos de direita, incluindo muitos membros da Knesset, foram acusados de incitação selvagem que levaram ao acontecimento. O Ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, foi indicado para Primeiro-Ministro 18 dias depois.

Rabin morreu aos 73 anos, manchando de sangue a letra da música que acabara de cantar ao se despedir da população no fim do ato: Shir La Shalom (Canção da Paz).

 

 

Homenagem feita no local em que ele foi assassinado, Kikar Rabin. Pintura em parede da Prefeitura de Tel Aviv, onde pessoas deixam seus depoimentos e prestam homenagens a Rabin.

 

O ÚLTIMO DISCURSO DE RABIN

 

Data: 4 de novembro de 1995
Local: Prefeitura de Tel-Aviv, Praça dos Reis de Israel (atual Praça Rabin)

"Permitam-me dizer que estou profundamente emocionado.

"Eu quero agradecer a cada um e a todos vocês, que vieram aqui hoje manifestar-se contra a violência e a favor da paz. Este governo, que eu tenho a honra de dirigir ao lado de meu amigo Shimon Peres, decidiu dar uma chance à paz - uma paz que resolverá a maioria dos problemas de Israel.

"Eu fui um militar durante 27 anos. Lutei enquanto não havia chances para a paz. Eu acredito que agora existe uma chance para a paz, uma grande chance. Nós precisamos aproveitá-la pelo bem daqueles que aqui estão, e também pelo bem daqueles que não estão aqui - e existem muitos deles.

"Eu sempre acreditei que a maioria das pessoas quer a paz e está pronta para assumir riscos para a paz. Ao virem aqui hoje, vocês demonstram que, junto àqueles muitos outros que não vieram, as pessoas realmente desejam a paz e se opõem à violência. A violência destrói a base da democracia israelense. A violência deve ser condenada e isolada.

"Este não é o modo do Estado de Israel. Numa democracia pode haver diferenças, mas a decisão final será tomada em eleições democráticas, como as eleições de 1992 que nos deram o mandato para fazermos o que estamos fazendo e para continuarmos este curso.

"Eu quero dizer que estou orgulhoso do fato de representantes de países com quem estamos vivendo em paz estão presentes conosco aqui, e continuarão a estar aqui: Egito, Jordânia e Marrocos, que abriram a estrada da paz para nós. Eu quero agradecer ao Presidente do Egito, ao Rei da Jordânia e ao Rei do Marrocos, representados hoje aqui, pela sua parceria conosco em nossa marcha a caminho da paz.

"E, mais do que qualquer outra coisa, nos mais de três anos de existência deste governo, o povo de Israel provou que é possível fazer a paz, que a paz abre portas para uma melhor economia e sociedade; que a paz não é somente uma bênção.

"A paz é a primeira de todas em nossas rezas, mas também é a aspiração do povo judeu, uma aspiração genuína pela paz.

"Há inimigos para a paz que estão tentando nos ferir, para bombardear o processo de paz. Eu quero dizer, diretamente, que nós encontramos um parceiro para a paz entre os palestinos também: a OLP, que era um inimigo, e que deixou de se engajar no terrorismo. Sem parceiros para a paz, não pode haver paz.

"Nós demandaremos que eles façam a sua parte para a paz, assim como nós faremos a nossa parte para a paz, com o intuito de resolver o aspecto mais complicado, prolongado e carregado emocionalmente do conflito árabe-israelense: o conflito palestino-israelense. Este é um caminho carregado de dificuldades e dor.

"Para Israel, não há caminho sem dor. Mas o caminho da paz é preferível ao caminho da guerra.

"Eu digo isto a vocês como um militar, alguém que é hoje o Ministro da Defesa e vê a dor da família dos soldados do Tzahal. Por eles, por nossos filhos, no meu caso, por nossos netos, eu quero que este governo exauste todas as aberturas, todas as possibilidades, para promover e atingir uma paz completa. Até mesmo com a Síria será possível fazermos a paz.

"Este esforço deve mandar uma mensagem ao povo de Israel, ao povo judeu ao redor do mundo, às muitas pessoas no mundo árabe e, de fato, ao mundo inteiro, de que o povo de Israel quer a paz, apóia a paz.

"Por isso, obrigado."

 

 

 

DISCURSO DA NETA DE RABIN NO SEU ENTERRO

“Desculpe-me por não querer falar sobre a paz. Eu quero falar sobre meu avô.

”Nós acordamos sempre acima de pesadelos, mas desde ontem eu acordo somente acima de um pesadelo: o pesadelo da vida sem você - e isto é incompreensivel.

”A televisão não pára de transmitir seus retratos, e você olha assim muito vivo e alcançavel que eu posso quase tocar em você. Mas somente quase, porque eu não posso mais.

”Você era a coluna do fogo que foi antes do acampamento, e nós somos deixados agora somente com o acampamento, sozinho, e nós somos assim frios e tristes. Eu sei que os povos falam nos termos de uma catastrofe nacional, mas como você pode tentar consolar uma pessoa ou fazer parte de sua dor pessoal enquanto a avó não parar de gritar e nós formos mudos, sentindo somente a esquerda vaga enorme por sua ausência.

”Muito poucos conheceram-no verdadeiramente. Podem falar muito sobre você agora, mas eu sinto que não sabem tudo, é enorme a dor, na catastrofe, e, sim, ela é um holocausto, para nós ao menos, a família e os amigos que remanescem, no acampamento somente seu, agora sem nossa coluna do fogo.

”Avô, você era e é ainda nosso herói.

”Eu quero que saiba que em tudo que eu fiz sempre, eu vi-o sempre antes de meus olhos. Seu amor acompanha-nos em cada etapa e em cada trajeto, e nós vivemos na luz de seus valores, sempre. Você jamais abandonara qualquer um, e agora abandonou. E aqui você está, meu herói eterno, frio e só, e não há nada que eu posso fazer para o conservar. Você que é assim maravilhoso.

”Outros, maiores que eu, têm elogiado-o. Mas nenhuns deles tiveram minha sorte para sentir a atenção de suas mãos mornas, macias, e o morno embrace que foram reservadas somente para nós. Eu não tenho nenhum sentimento da vingança, porque minha dor e minha perda são assim grandes, demasiadamente grandes. A terra deslizou afastando nossos pés, e nós estamos tentando de algum modo sentar distante deste espaço vazio que foi deixado atrás sem muito sucesso.

”Eu não posso trazer até o final, mas parece que a mão de um desconhecido, uma mão infeliz, terminou-o já para mim. Não tendo nenhuma escolha, peço que você, herói, vá descansar na paz  para pensar em nós e para faltar-nos, porque nós, aqui, amamos-te muito. E do comboio de anjos divinos que o acompanham agora, eu peço que preste atenção em você, que preste bastante atenção em você, porque você merece tal proteção.

”Nós amamos-te, avô. Sempre.”

 

SHIR LASHALOM

 

Tnu lashemesh la'alot
aboker leha'ir
Hazaka shebatfilot
Otanu lo takhzir.

Mi asher kava nero
Uve'afar nitman
Bekhi mar lo ya'iro
Lo yakhziro lekan.

Ish otanu lo takhzir
Mibor takhtit afel
Kan lo yo'ilu
Lo simkhat hanitzakhon
Velo shirei halel
Lakhen rak shiru,
shir lashalom,
Al tilkhashu t'fila
Mutav tashiru,
shir lashalom
Bitze'aka gdola.

Tnu lashemesh lakhador
Miba'ad laprakhim.

Al tabitu le'akhor
Hanikhu laholkhim
Se'u eynayim betikva
Lo derekh kavanot
Shiru shir la'ahava
Velo lamilkhamot
Al tagidu yom yavo
Haviu et hayom
Ki lo khalom hu
Ubekol hakikarot
Hari'u lashalom

Deixe o Sol subir
Dar luz à manhã
A mais pura benção
Não nos trará de volta


Aquele cuja vela se apagou
E no pó foi enterrada
O choro amargo não acordará
E não o trará para cá


Ninguém nos trará
De um canto morto e escuro
Aqui, nem a alegria da vitória
Nem canções enaltecedoras ajudarão

Então Apenas cante uma canção pela paz
Não sussurre uma prece
Apenas cante uma canção pela paz
Em um grito alto

Deixe o sol penetrar

por entre as flores

Não olhe para trás
Deixe irem os que partiram
Levante seus olhos com esperança
Não através da mira de um rifle
Cante uma canção para o amor
E não para as guerras
Não diga que o dia virá
Traga o dia
Porque não é um sonho
E em todas as praças
Torçam pela paz.

 

 

 

Letra de Shir La Shalom manchada de sangue, que estava no bolso de Rabin quando foi morto


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